Ataque de Israel a forças da ONU no Líbano gera condenação internacional

Israel atacou um posto das forças de manutenção da paz das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), na quinta-feira, levando à condenação por vários países, ONG e organizações internacionais.

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Ataque ao posto da UNIFIL em Naqoura, no Sul do Líbano, foi condenado STRINGER / EPA
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Depois dos ataques de Israel a forças de manutenção da paz da ONU no Líbano (UNIFIL) nos últimos dias, ferindo quatro capacetes azuis, as condenações e críticas às acções das forças israelitas têm-se multiplicado, desde estados, organizações internacionais e ONG, como a Human Rights Watch, que pediu uma investigação das Nações Unidas.

Nesta sexta-feira, Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, afirmou, em declarações à agência noticiosa Associated Press, que "um ataque contra uma missão de paz da ONU não é responsável, não é aceitável", tendo pedido a Israel e "a todas as partes" para "respeitarem totalmente o direito humanitário internacional​".

Dentro da União Europeia, Espanha, Itália e França condenaram fortemente os ataques israelitas às forças da ONU. No caso de França e Espanha, os chefes de Governo de ambos os países protagonizaram as críticas.

A primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, em comunicado, afirmou na quinta-feira que "o Governo italiano protestou formalmente junto das autoridades israelitas e reiterou com firmeza que o que está a acontecer em torno da base do contingente da UNIFIL não é aceitável", informando que o embaixador de Israel tinha sido convocado por esta razão, através do ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, que foi mais longe nas acusações feitas a Israel.

"Os actos hostis praticados e repetidos pelas forças israelitas podem constituir crimes de guerra", acusou Crosetto, numa conferência de imprensa citada pela agência italiana ANSA.

"Trata-se de violações extremamente graves das normas do direito internacional, não justificadas por qualquer razão militar", acrescentou, sublinhando que "não há justificação para afirmar que as forças armadas israelitas tinham avisado a UNIFIL de que algumas bases tinham de ser desocupadas".

"Disse ao embaixador para dizer ao Governo israelita que as Nações Unidas e a Itália não aceitam ordens do Governo israelita", disse ainda Crosetto.

Em Espanha, a condenação veio do presidente do Governo, Pedro Sánchez, numa conferência de imprensa depois de se reunir com o Papa Francisco, em que aproveitou para "criticar e condenar os ataques das forças armadas israelitas contra a missão da ONU no Líbano", indo mais longe ao apelar ao fim da venda de armas a Israel.

"Penso que é urgente que, à luz de tudo o que está a acontecer no Médio Oriente, a comunidade internacional deixe de exportar armas para o Governo israelita", afirmou Sánchez.

O embaixador israelita em França foi também chamado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros francês para prestar declarações sobre os ataques dos passados dias.

"A França condena a continuação do fogo deliberado israelita contra a Força Interina das Nações Unidas no Líbano", afirmou o ministério, num comunicado publicado na rede X, acrescentando que "estes ataques constituem graves violações do direito internacional e devem cessar imediatamente".

"As autoridades israelitas têm de se explicar: a França convoca hoje o embaixador israelita em França junto do Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros", lê-se ainda, tendo o ministério apelado a um cessar-fogo na região.

Human Rights Watch apela a investigação da ONU

Também a Human Rights Watch, organização não governamental dedicada à defesa dos direitos humanos, criticou o ataque feito pelas forças israelitas, apelando a uma "investigação internacional".

"As Nações Unidas devem estabelecer urgentemente, e os países membros da ONU devem apoiar, uma investigação internacional sobre as hostilidades no Líbano e em Israel, com um mandato para informar publicamente sobre as violações", pediu a organização, num comunicado publicado no site, onde apelam também a que se assegure "o envio imediato de investigadores para recolherem informações e chegarem a conclusões sobre as violações do direito internacional cometidas pelas partes beligerantes e fazerem recomendações para a responsabilização".

"As forças de manutenção da paz da ONU no Sul do Líbano desempenham há muito tempo um papel fundamental na protecção dos civis e na ajuda humanitária"​, afirmou a directora da Human Rights Watch para o Médio Oriente e Norte de África​, Lama Fakih, que acrescentou que "qualquer ataque às forças de manutenção da paz da ONU pelas forças israelitas viola as leis da guerra e interfere perigosamente com a protecção civil e o trabalho de ajuda da UNIFIL".

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