Han Kang, um Nobel para a escrita do trauma
O Nobel da Literatura vai pela primeira vez para a Coreia do Sul. A Academia Sueca premiou uma escrita silenciosa que interpela o horror, o trauma, “a fragilidade da vida humana”.
Em 2016, o júri do International Man Booker justificava a atribuição do prémio ao romance A Vegetariana pelo requinte, concisão e enorme grau de perturbação na história de uma mulher que decidiu deixar de comer carne e viu com isso o seu corpo transformar-se em planta. As virtudes então destacadas estendem-se de alguma forma a toda a obra da sul-coreana Han Kang, Nobel da Literatura de 2024. É com esses recursos que trabalha temas tão universais como o horror, a guerra, a fragilidade do corpo e da mente, o amor ou a subjugação, enquanto se interroga acerca do que é ser humano. Nela, há o silêncio mais absoluto e o horror em graus apenas suportáveis pela linguagem que Kan escolhe. Delicada, crua, cheia de uma espécie de mutismo. "Por vezes sinto que a minha escrita tece silêncios nas frases", afirmou a escritora numa entrevista ao Ípsilon em 2017, altura em que o seu nome aparecia como uma grande revelação no Ocidente.
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