Zelensky recebe palavras de apoio de Starmer e Macron, mas pouco mais

Em pouco mais de 24 horas, o Presidente ucraniano reúne-se com os principais líderes europeus para apresentar o seu plano de vitória. Na sexta-feira vai estar em Roma e Berlim.

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Zelensky encontrou-se com Macron em Paris CHRISTOPHE PETIT TESSON / EPA
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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi recebido esta quinta-feira em Downing Street pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e em Paris pelo Presidente Emmanuel Macron para discutir o “plano de vitória” que as autoridades ucranianas acreditam poder ser a chave para posicionar Kiev numa situação mais vantajosa para negociar o fim da guerra com a Rússia.

Depois de ver gorada as hipóteses de voltar a apresentar os méritos do plano ao Presidente norte-americano Joe Biden, que cancelou a viagem à Europa em que iria participar na cimeira de Ramstein, Zelensky iniciou um conjunto de visitas-relâmpago às principais capitais europeias para manter o tema na agenda. Esta quinta-feira, o Presidente ucraniano foi recebido por Starmer em Londres e seguiu para Paris para um encontro com Macron.

Seguem-se reuniões em Roma com a primeira-ministra Giorgia Meloni – e também uma audiência com o Papa Francisco no Vaticano – e em Berlim com o chanceler alemão, Olaf Scholz, até ao final de sexta-feira. O calendário frenético de Zelensky foi anunciado na quarta-feira, depois de conhecido o cancelamento da cimeira de Ramstein, no final de um encontro regional na Croácia. “Irei começar negociações com parceiros-chave dos quais a componente militar do nosso fortalecimento depende”, afirmou Zelensky, segundo o site da presidência.

“O plano de vitória pretende criar as condições certas para um fim justo da guerra”, explicou Zelensky, depois do encontro com Starmer, no qual também esteve presente o novo secretário-geral da NATO, Mark Rutte. “É uma ponte para a segunda cimeira de paz; a Ucrânia só pode negociar a partir de uma posição forte”, acrescentou.

Apesar de o plano de Zelensky ainda não ter sido formalmente apresentado em público, sabe-se que assenta em pilares diplomáticos e militares. Por um lado, Kiev quer garantias de uma integração rápida da Ucrânia na NATO, como forma de dissuadir a Rússia de novos ataques no futuro; por outro, o Governo ucraniano quer autorização da parte dos seus aliados para poder usar armas de longo alcance contra alvos no interior do território russo.

Nenhuma das exigências de Kiev parece de fácil resolução. Na ausência de uma promessa firme de integração na Aliança Atlântica, a Ucrânia tem firmado acordos de segurança bilaterais com vários membros da NATO.

Quanto ao uso dos sistemas de mísseis, a Ucrânia quer poder usar os ATACMS norte-americanos e os Storm Shadow franco-britânicos para atacar alvos militares russos em território da Federação Russa – Kiev acredita que apenas assim poderá travar as inúmeras vagas de bombardeamentos que têm destruído a sua infra-estrutura energética nos últimos meses.

Porém, Washington tem mostrado uma enorme relutância em conceder essa autorização por temer que isso possa motivar uma nova escalada russa, que vem sendo ameaçada por Moscovo. No mês passado, Zelensky apresentou o seu plano a Biden, assim como aos dois candidatos à Casa Branca, mas não parece ter havido uma recepção calorosa às suas reivindicações.

Após o encontro em Downing Street, um porta-voz de Starmer foi parco em detalhes, mas garantiu que “não há qualquer mudança na posição do Governo britânico em relação ao uso de mísseis de longo alcance”. “Queremos obviamente pôr a Ucrânia na posição mais forte possível, mas nenhuma guerra foi ganha com uma única arma”, afirmou o mesmo responsável, citado pela Reuters.

Rutte, que assim que tomou posse no início do mês se deslocou de imediato a Kiev, informou que o assunto dos mísseis de longo alcance foi abordado na reunião, mas esclareceu que cabe a cada um dos membros individuais da NATO tomar as decisões sobre a forma como cede o seu equipamento.

Em Paris, Macron reafirmou o apoio de França à Ucrânia e disse continuar a trabalhar para reforçar o envio de armamento para apoiar as forças militares ucranianas.

O périplo europeu de Zelensky acontece numa altura crítica para a Ucrânia, que continua a ver-se obrigada a recuar perante os avanços russos no Donbass, enquanto se prepara para um Inverno difícil em que terá de lidar com os danos graves causados à infra-estrutura energética do país pelos bombardeamentos da Rússia.

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