OE2025: Rui Tavares acusa Chega de dar “cheque em branco” por “medo” de eleições

O Livre vai apresentar propostas para atribuir o subsídio de desemprego aos cônjuges das pessoas que vão trabalhar para o interior, e para criar um centro nacional de transferência de conhecimento.

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O co-porta-voz e deputado do Livre encerrou as primeiras jornadas parlamentares do Livre, em Elvas Nuno Veiga / LUSA
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Rui Tavares acusou esta terça-feira o Chega de querer dar um "cheque em branco" ao Governo ao viabilizar o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) sem negociações, por "medo" de ser prejudicado numas eventuais eleições antecipadas. Do lado do Livre, o co-porta-voz garante que não há receios sobre um novo acto eleitoral, mas defende (ainda sem avançar um sentido de voto) que "o interesse do país é ter um Orçamento com boas ideias".

Depois de o Correio da Manhã ter avançado que o Chega vai garantir a viabilização do OE2025 caso as negociações com o PS falhem, Rui Tavares acusou o partido de André Ventura de ter passado da "novela" à "farsa": "Estávamos na chamada novela orçamental e agora passámos para o psicodrama de André Ventura", atirou, durante as jornadas parlamentares do Livre, em Elvas, numa crítica ao Chega por ir mudando de posição sobre o apoio ao Governo.

Se, ainda antes das eleições legislativas, o Chega ameaçava avançar com uma moção de rejeição caso não fizesse parte do Governo — algo que nunca concretizou —, agora, "para não perder os 50 deputados, mantém o Governo em cima", acusou Tavares. "É um cheque em branco dado ao Governo que, assim, não precisa de se esforçar nada nas negociações que está a ter", já que "quando falharem as negociações com o PS, tem a mão por baixo do Chega".

Rui Tavares argumenta que "o Chega tem medo". "Tem medo de ter atingido o seu máximo, de ser uma bolha que venha a estourar, que as pessoas se cansem de ver a política sempre feita da mesma maneira, que as pessoas se cansem de viverem sempre no psicodrama de André Ventura", defendeu, para concluir que "têm medo com razão". "As pessoas um dia cansam-se", avisou.

Referindo-se directamente ao facto de Elvas ter sido o município onde o partido de André Ventura teve mais votos nas legislativas, Rui Tavares defendeu que o crescimento do Chega não passou de um "sinal de alarme" para "reformar o sistema eleitoral". E insistiu na ideia de que "o Chega tem medo de ir a eleições" porque não tem um "voto consolidado".

Pelo Livre, o também deputado garantiu que não há receios sobre novas eleições, mas considerou que "o interesse do país é ter um Orçamento". Rui Tavares ressalva que, ainda assim, tem de ser um Orçamento "com boas ideias", não podendo ser viabilizado "seja bom ou seja mau".

Medidas para o interior

Antes, ao longo do encerramento das jornadas, Rui Tavares aproveitou para apresentar as propostas que o Livre vai levar ao OE2025 para combater o despovoamento do interior, deixando críticas ao regime do IRS Jovem que o Governo quer incluir no Orçamento.

Argumentando que, "quando há emprego, qualidade de vida, serviços públicos universais e salários que são dignos", "as pessoas regressam" às suas regiões, o líder do Livre afirmou que "nunca ouvimos ninguém dizer que voltou por causa de uma taxa de IRS Jovem". E defendeu que, em vez de se aplicar este regime, se alargue o subsídio de desemprego aos cônjuges das pessoas que recebem uma oferta de emprego no interior, "mesmo que por um tempo limitado".

"É uma das maneiras que nós temos de trazer gente para as regiões menos densamente povoadas", afirmou, explicando que isso permite dar tempo aos cônjuges de procurarem emprego ou de abrirem uma pequena empresa na região para a qual se mudarem.

Outra proposta que o Livre quer incluir no Orçamento prende-se com a criação de um Centro Nacional de Transferência de Conhecimento que permita a partilha de dados entre a sociedade civil, as empresas e academia, por exemplo, para garantir "explorações agrícolas sustentáveis e rentáveis". "É possível fazer política a partir do conhecimento do nosso país para as soluções que precisamos e não aplicando receitas que se leram algures numa cartilha, qualquer que ela seja, e achar que elas se aplicam tal e qual a Portugal", argumentou.

Referindo que o Livre ouviu várias queixas em Elvas de pessoas que sentem que "não têm voz" devido ao sistema eleitoral actual, Rui Tavares alertou ainda para a "privação de democracia" dos círculos com menos população e defendeu a introdução de um círculo de compensação nacional.

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