Empresários pedem fim de restrições a veículos turísticos no centro do Porto

Uma semana depois de terem começado as restrições à circulação no centro da cidade, os empresários pedem o fim do projecto-piloto. Dizem ser “bodes expiatórios” dos problemas de mobilidade no Porto.

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A 1 de Outubro entrou em vigor um projecto-piloto de restrição ao trânsito de veículos turísticos, que durará um ano Manuel Roberto
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Vários empresários do sector de animação turística do Porto lamentaram as restrições aos veículos no centro da cidade e apelaram para que sejam removidas, defendendo que contribuem para a promoção do comércio e economia locais. Uma semana depois da entrada em vigor do projecto-piloto de restrição ao trânsito de veículos turísticos no centro do Porto, vários empresários do sector manifestaram o seu descontentamento na Assembleia Municipal do Porto, que decorreu na segunda-feira a noite.

"Apresentamos a cidade e o nosso património. Fazemos a primeira introdução à cidade do Porto", afirmou Ruben Batista, empresário da animação turística que, fruto da entrada em vigor do projecto-piloto, tem visto a facturação da empresa "cair a pique", com cancelamentos constantes que "põe em risco o negócio". "Nunca poderemos ser substituídos por transportes públicos", defendeu o empresário, apelando para que as restrições sejam removidas e para que o município ouça os operadores.

Também Romeu de Oliveira lamentou a "discriminação sem precedentes" ao sector e acusou o município de estar a "tentar varrer uma actividade do centro histórico". "Foi encetada uma autêntica caça aos tuk-tuks", considerou, dizendo que no espaço de uma semana foram mais de 80% os cancelamentos e estimou que, até ao final do mês, os prejuízos ascendam a mais de 30 mil euros, colocando em risco oito postos de trabalho.

"Estas restrições não afectam apenas o nosso sector, mas os que dependem umbilicalmente dos nossos serviços", lembrou, manifestando também disponibilidade para colaborar com a autarquia, mas "sem sacrificar as empresas". Considerando que os operadores da animação turística foram "utilizados como bode expiatório" pelo município e que os problemas de mobilidade persistem na cidade, António Teixeira lamentou que a resposta às propostas apresentadas ao município tenha sido "um sorriso cínico de que nada será mudado".

Já Tânia Rodrigues lembrou que o propósito dos tuk-tuks é "permitir os que querem descobrir a história da cidade", dizendo acreditar ser possível que os dois sectores — transporte público e animação turística — possam coexistir na cidade. "Como é que os membros da autarquia chegaram à conclusão de que a nossa actividade deve ser restringida? Com que base nos acusam de causar os problemas de trânsito da cidade?", questionou.

Às preocupações de Tânia somaram-se as de Leandro Batista, que questionou a pertinência "de ameaçar postos de trabalho, cancelar reservas" e atirar os trabalhadores do sector "para uma situação de precariedade". Também o presidente da Associação Alojamento Local Porto e Norte, David Almeida, solicitou esclarecimentos sobre o projecto-piloto, lembrando que as restrições "impactam todos". "Sendo o turismo o maior promotor económico do país não se compreende esta medida", considerou, apelando para o diálogo e o agendamento de uma reunião urgente com o executivo.

A 1 de Outubro entrou em vigor um projecto-piloto de restrição ao trânsito de veículos turísticos, que durará um ano. Os operadores ficam sujeitos a um regime de autorização prévia por parte do município. Actualmente, apenas um comboio turístico e autocarros de dois andares "hop-on, hop-off" podem circular numa zona delimitada no centro do Porto, ao abrigo de licenças municipais.

Como foi interposta uma acção em tribunal com vista a suspender a atribuição de licenças por parte da Câmara, não há actualmente licenças para "tuk-tuks" ou autocarros de serviço ocasional. O acesso, circulação e paragem para tomada e largada de passageiros podem ser autorizados pelo município "mediante a capacidade da infra-estrutura" e restrições horárias.