Cuidados paliativos: Mais de 56 mil doentes e familiares apoiados

Resultados do programa HUMANIZA serão apresentados no Congresso Nacional de Cuidados Paliativos, que decorre de 10 a 12 de Outubro, na Universidade de Aveiro.

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Nos últimos cinco anos, mais de 56 mil pessoas (25.294 doentes e 31.196 familiares) puderam contar com um apoio psicossocial integral, em contexto de doenças avançadas e cuidados paliativos. Estes são alguns dos dados do programa de Apoio Integral a Pessoas com Doenças Avançadas – HUMANIZA, promovido pela Fundação la Caixa”, com o apoio do BPI, apresentados durante o XI Congresso Nacional de Cuidados Paliativos e II Congresso internacional da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (10 a 12 de Outubro).

Em colaboração com o Ministério da Saúde e com um conjunto de entidades públicas e sociais, o programa HUMANIZA pretende, tal como o nome indica, humanizar os cuidados paliativos. A sua missão é a de complementar o actual modelo de apoio neste contexto de doenças avançadas. A intervenção de 11 equipas de apoio psicossocial (EAPS) em hospitais, lares e casas particulares dos doentes permite cuidar da esfera emocional, social e espiritual dos doentes e respectivas famílias.

Mas qual o impacto desta intervenção? “Com base em dados preliminares sobre uma amostra de doentes e familiares atendidos em 2023 por todas as 11 equipas psicossociais que existem em Portugal, percebemos que a intervenção destes profissionais ajuda efectivamente a melhorar a qualidade de vida dos doentes, observando-se uma diminuição dos níveis de depressão e ansiedade”, afirma Bárbara Gomes, assessora científica do programa em Portugal e especialista em cuidados paliativos da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC). A responsável acrescenta ainda que se verificou “uma melhoria na capacidade de partilha de emoções e no sentimento de paz” destes doentes, reforçando que os dados da avaliação são “efeitos estatisticamente e clinicamente significativos”.

A avaliação do programa HUMANIZA foi realizada pelo grupo de investigação de cuidados paliativos, fim de vida e luto da FMUC. O grupo de investigação baseou-se no modelo PSICPAL de apoio às necessidades psicossociais e na utilização, entre outras, da escala IPOS – Integrated Palliative Care Outcome Scale, útil na avaliação e monitorização das necessidades físicas, psicossociais e espirituais das pessoas com doenças avançadas.

De acordo com Bárbara Gomes, “é imprescindível gerar evidência científica sobre o impacto do programa, o que nos ajuda também a compreender melhor as necessidades das pessoas e a melhorar a assistência que lhes é dada”. Para a especialista, os dados apresentados no congresso confirmam “que as equipas que temos no terreno a apoiar os doentes são eficazes e que é possível fazer investigação que demonstra isso mesmo”.

A decorrer na Universidade de Aveiro de 10 a 12 de Outubro, os dois congressos são um fórum de partilha de conhecimento e experiência em cuidados paliativos para clínicos e investigadores. O mote deste ano é “Integrar Cuidados, Consolidar Pontes”, uma mensagem que Bárbara Gomes vê reflectiva nas provas dadas pelo programa HUMANIZA. No evento, reforça a especialista, “o programa marca presença com uma sessão dedicada à área onde somos especialistas – o apoio psicossocial e espiritual em doença avançada, contribuindo para que esta dimensão complexa dos cuidados paliativos tenha a devida atenção”.

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