Ataque do Irão marca ano de tensões com Israel — a cronologia de uma inimizade

O Irão lançou nesta terça-feira mísseis contra Israel. A operação prossegue e são esperados mais ataques. Recuperamos aqui episódios recentes de tensão entre os dois países.

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Míssil no deserto, perto da cidade de Arad, Israel, supostamente resultante de ataque do Irão, em Abril de 2024 Amir Cohen/reuters
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Múltiplas explosões foram avistadas nos céus de Telavive cerca das 19h40 locais, 17h40 em Portugal continental, no que as Forças de Defesa de Israel descrevem como um ataque de mísseis balísticos disparados a partir do Irão. Uma segunda vaga de mísseis chegou a Israel cerca das 19h50 locais. O primeiro ataque declarado do Irão contra Israel tinha acontecido há seis meses. Recuperamos a actualizamos aqui uma cronologia publicada nessa altura que dá conta de vários episódios recentes de tensão.

Setembro de 2024 - Um ataque das Forças de Defesa de Israel no Líbano mata Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, movimento xiita libanês apoiado por Teerão, a 27 de Setembro. O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, diz que é uma obrigação apoiar o povo libanês e o Hezbollah “com todos os meios que tenham e darem assistência no confronto com o regime usurpador, opressivo e perverso”.

Julho de 2024 - Ismail Haniyeh, líder do gabinete político do Hamas, é assassinado em Teerão a 31 de Julho, horas depois de ter estado presente na cerimónia de tomada de posse do novo Presidente do país, Masoud Pezeshkian. O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, ameaça “castigar” Israel pela morte de Haniyeh. “Com este acto criminoso e terrorista, o regime sionista [Israel] preparou o terreno para um duro castigo e consideramos que é nosso dever vingar o assassinato em território da República Islâmica do Irão”.

Abril de 2024: A 1 de Abril, um ataque atribuído a Israel (mas não reivindicado oficialmente) destrói o complexo do consulado iraniano em Damasco, matando 13 iranianos, incluindo dois generais dos Guardas da Revolução. O facto de se tratar de uma representação diplomática leva o Irão a considerar que tinha sofrido um ataque contra o seu território. Como retaliação, a 13 de Abril, o Irão lança um ataque com mísseis e drones a partir do seu território contra Israel.

Março de 2024: Um drone israelita atinge um carro no Sul do Líbano, matando pelo menos uma pessoa, que o Exército de Israel diz tratar-se do vice-comandante da unidade de rockets e mísseis do Hezbollah. No mesmo dia, ataques aéreos perto de Alepo, no Norte da Síria, vitimam 36 soldados sírios, sete combatentes do Hezbollah e um sírio de uma milícia pró-Irão, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

Janeiro de 2024: Uma explosão num subúrbio de Beirute (Líbano) vitima Saleh al-Arouri, um líder do Hamas, juntamente com dois comandantes do braço armado desse grupo, naquele que é o primeiro assassinato de um alto funcionário do Hamas fora da Cisjordânia e de Gaza em anos recentes. Autoridades do Hamas, do Líbano e dos Estados Unidos atribuem o ataque a Israel, que não confirma o envolvimento.

Dezembro de 2023: As milícias apoiadas pelo Irão intensificam os seus ataques na sequência dos bombardeamentos de Gaza por Israel em resposta aos ataques liderados pelo Hamas a 7 de Outubro de 2023. Em Dezembro, o Irão acusa Israel da morte do general Sayyed Razi Mousavi, conselheiro sénior dos Guardas da Revolução, num ataque com mísseis na Síria.

Maio de 2022: Assassinato de um comandante dos Guardas da Revolução, o coronel Sayad Khodayee.

Novembro de 2021: O Irão culpa Israel pelo assassinato de Mohsen Fakhrizadeh, que os serviços de inteligência ocidentais consideram ser o principal cientista nuclear iraniano.

Julho de 2021: Um petroleiro administrado por uma empresa de navegação israelita é atacado na costa de Omã, causando a morte de dois tripulantes. Representantes israelitas afirmam que o ataque teria sido efectuado por drones iranianos. O Irão não reivindica nem nega explicitamente a responsabilidade, mas um canal de televisão estatal descreve o ataque como uma resposta a um ataque israelita na Síria.

Janeiro de 2020: O assassinato do major-general Qassem Soleimani – comandante do braço estrangeiro do corpo dos Guardas da Revolução, a força de elite do regime iraniano –, num ataque com um drone norte-americano em Bagdad, foi recebido com satisfação em Israel. O Irão reage através de um ataque com mísseis a duas bases no Iraque que albergavam tropas norte-americanas, ferindo cerca de uma centena de militares dos EUA.

Agosto de 2019: Um ataque aéreo israelita mata dois militantes treinados pelo Irão na Síria e outro ataque aéreo em Qaim (Iraque) vitima um comandante de uma milícia iraquiana apoiada pelo Irão. Israel acusa o Irão de tentar estabelecer uma linha terrestre de fornecimento de armas através do Iraque e do Norte da Síria até ao Líbano.

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