Incêndios: área ardida em Arouca corresponde a 20% do concelho

Incêndios da última semana queimaram quase um quinto da mancha verde do concelho de Arouca. Levantamento de prejuízos deverá ficar concluído em poucos dias.

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Passadiços do Paiva durante incêndio que lavrava em Arouca, distrito de Aveiro, a 18 de Setembro LUSA/PAULO NOVAIS
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O incêndio da semana passada em Arouca queimou 20% do território desse concelho do distrito de Aveiro, revelou esta segunda-feira a autarquia, situando em cerca de 6000 hectares a mancha florestal destruída.

"A área ardida não está ainda totalmente apurada, mas estima-se que ronde os 6000 hectares, o que corresponde a 20% do concelho", adiantou à agência Lusa a presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém.

Considerando que o concelho que também integra a Área Metropolitana do Porto e que está classificado como Geoparque da UNESCO ocupa uma área global na ordem dos 329 quilómetros quadrados, dos quais 85% estritamente de floresta, a porção de solos destruídos corresponde assim a 17% da mancha verde do território.

Quanto ao impacto económico dessa destruição, Margarida Belém diz que o levantamento dos prejuízos teve início com o incêndio ainda em curso, nas áreas onde já não havia fogo, mas só será concluído dentro de alguns dias.

"A área ardida é extensa e houve muita maquinaria e utensílios agrícolas que foram destruídos", justifica a autarca socialista. "Mesmo assim, esperamos que até final da corrente semana possam estar apurados os danos", afirma.

Até lá, as prioridades da Câmara Municipal são duas: "Por um lado, salvaguardar que quem foi afectado pelo incêndio é o mais rapidamente possível ressarcido dos danos daí advenientes e, por outro, considerando as previsões meteorológicas para os próximos dias, garantir a implementação de acções que salvaguardem a seguranças das populações nas áreas ardidas."

No primeiro caso, Margarida Belém diz que a agilização dos apoios financeiros já está a ser coordenada com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), cujos técnicos estiveram esta segunda-feira em Arouca para se inteirarem presencialmente da extensão da área da ardida e dos danos decorrentes do incêndio, com vista a "identificar de forma mais expedita os financiamentos disponíveis".

Já no que se refere às previsões de chuva intensa para os próximos dias, a presidente da câmara anuncia que terá ao serviço três equipas de sapadores florestais do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, num total de 15 profissionais, para reforço das operações de limpeza que os técnicos da autarquia estão a conduzir nas zonas ardidas.

"Essas operações abrangem, por exemplo, a limpeza de caneiros e a estabilização das encostas e taludes, sobretudo nos pontos mais críticos, sujeitos a problemas como derrocadas, queda de árvores e arrastamento de matéria lenhosa para linhas de água", realça a autarca.

O incêndio que deflagrou a 17 de Setembro em Arouca verificou-se por alastramento a partir do município contíguo de Castro Daire, teve várias frentes activas em simultâneo e, até ser dado como extinto, dois dias depois, só em solo do geoparque chegou a envolver o trabalho simultâneo de mais de 230 bombeiros e outros operacionais.

Na mesma semana, outros concelhos das regiões Norte e Centro do país enfrentaram grandes incêndios e mobilizaram centenas de bombeiros cada. Nove pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas devido a esses fogos, que destruíram igualmente dezenas de habitações.

Segundo o sistema europeu de observação terrestre Copernicus, só entre os dias 15 e 20 de Setembro foram queimados em Portugal continental cerca de 135 mil hectares e, desses, mais de 116 mil estão situados no Norte e Centro, que assim concentra a maior parte da área ardida em território nacional.

A mesma fonte indica que em 2024 já foram consumidos por incêndios quase 147 mil hectares de solo português, o que, na última década, constitui a terceira maior porção de terra ardida num único ano.