A investigação, a luta contra o cancro e os jovens investigadores: saber é poder

As doenças oncológicas são das principais causas de morte prematura em Portugal com cerca de 25 % dos óbitos (cerca de 30 mil mortes/ano).

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O desenvolvimento da investigação científica é um dos pilares que cimentam o progresso das sociedades modernas. De uma forma menos generalista podemos também pensar do modo seguinte: a investigação em cancro pode salvar a sua vida e da sua família.

Neste dia 24 de setembro comemoramos o Dia Mundial da Investigação contra o Cancro com o lema “A inovação e investigação no cancro promove a equidade e igualdade no acesso a Saúde” e em resultado de um movimento mundial com a colaboração de várias organizações como a UICC (União Internacional Contra o Cancro), a OMS (Organização Mundial de Saúde) e a ECL (European Cancer Leagues) – da qual a Liga Portuguesa Contra o Cancro é membro fundador que resultou na Declaração Mundial para a Investigação contra o Cancro. Nesta declaração é pedido o envolvimento ativo de todos os cidadãos, instituições e líderes em diferentes áreas para juntarem esforços no apoio à investigação de modo a reduzir o número de pessoas que desenvolvem cancro, melhorar as taxas de sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes com cancro.

As doenças oncológicas são das principais causas de morte prematura em Portugal com cerca de 25 % dos óbitos (cerca de 30 mil mortes/ano). A OMS estimou para 2030 em 21,1 milhões o número anual de novos casos de cancro em todo o mundo e como principal cauda de mortalidade.

Dos cerca de sessenta mil novos casos de cancro que são diagnosticados todos os anos em Portugal, está estimado que cerca de metade são evitáveis ou só aconteceriam em idades muito avançadas (o grande exemplo é o cancro do pulmão). Contribuem para estes números o envelhecimento da população; a maior exposição a agentes oncogénicos, sejam ambientais, como o tabaco, o álcool e a poluição, sejam víricos, como os vírus do papiloma humano (HPV) ou das hepatites. Contribui, igualmente, o estilo de vida mais sedentário, com menor prática de atividade física, bem como dietas alimentares pobres em hortofrutícolas e fibras. Perante este panorama e o envelhecimento da nossa população, o que só por si aumenta o risco do desgaste celular e consequente risco para cancro, e o pesadelo que é ser diagnosticado com cancro (e o custo elevadíssimo do seu tratamento), existe para cada indivíduo a possibilidade de refletir sobre a sua capacidade de diminuir o seu risco de desenvolvimento de uma neoplasia e quais as ferramentas disponíveis e que sejam cientificamente válidas (ex. Código Europeu Contra o Cancro).

A Liga Portuguesa Contra o Cancro, consciente da importância do desenvolvimento científico e do conhecimento, nomeadamente na área do cancro, tem desempenhado um papel fundamental no apoio à Investigação em Oncologia, designadamente com o apoio a centros de investigação nacionais de excelência e com o concessão de bolsas de investigação a jovens investigadores, sempre com o objetivo de potenciar o desenvolvimento de projetos inovadores com aplicabilidade clínica, permitindo avanços e melhorias na prevenção, no diagnóstico e mesmo no tratamento. O Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC-NRN), promove hoje o 6.º Encontro Nacional de Jovens Investigadores em Oncologia (ENJIO), no Porto com o tema das expectativas de futuro e dos problemas que os investigadores atravessam durante o seu percurso científico debatidos entre jovens investigadores no início da sua carreira e reconhecidos investigadores com percursos de sucesso na área da oncologia e distinguidos os melhores trabalhos científicos.

Ao longo de todos estes anos, centenas de investigadores já beneficiaram do apoio da LPCC realçando a aposta do conhecimento e da sua atualização graças a investigação científica e seguindo lema de Francis Bacon, um dos maiores pensadores e influenciadores da Revolução Científica Moderna: Scientia potentia est, ou seja, "Saber é Poder". No caso da Saúde e em particular do cancro podemos lembrar o lema da última Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde e cravado no túmulo do grande dr. Halfdan T. Mahler, seu antigo diretor: Health for all. All for health ("Saúde Para Todos, Tudo Para a Saúde").

E isto só e possível com mais e melhor investigação.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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