Macron passa o testemunho à ultradireita, avant la lettre
Para manter as suas políticas neoliberais, Macron e os aliados ao centro e à direita preferiram aliar-se à ultradireita, violando os princípios assumidos pela “macronia” de “barragem da ultradireita”.
O Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron, nomeou recentemente como primeiro-ministro um homem vindo do gaulismo, e dos seus herdeiros contemporâneos, Les Republicans (LR), Michel Barnier. Michel Barnier é um septuagenário com uma riquíssima experiência política, foi, nomeadamente, o negociador do "Brexit", representando a União Europeia face ao Reino Unido. Portanto, tem uma experiência de negociador que pode ser muito útil na difícil situação política e parlamentar que se vive em França. É um estadista, é certo. Mas é um homem situado bastante à direita, ainda que no campo da chamada "direita republicana" (por oposição à ultradireita, não republicana, leia-se, na gíria francesa: não democrática). Barnier tem, todavia, posições bastante à direita em matérias sensíveis para os franceses: uma posição muito recuada face à reivindicação dos contestatários para a idade de reforma (propôs 65 anos, quando quer a esquerda – Nouveau Front Populaire: NFP – quer a ultradireita propõem 60 anos), propôs uma moratória de cinco anos para impedir a entrada de imigrantes em França, e votou (em tempos) contra a despenalização criminal da homossexualidade, por exemplo. É, portanto, um homem muito conservador, com posições próximas da ultradireita em matéria de imigração.
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