Israel bombardeia Beirute e mata comandante do Hezbollah
Ataque aéreo visou zona residencial no sul da capital libanesa e fez pelo menos 12 mortes, incluindo cinco crianças. Israel disse ter feito “ataque selectivo” que eliminou comando de unidade de elite.
Israel abateu um comandante do Hezbollah na sequência de um bombardeamento sobre os arredores de Beirute, esta sexta-feira, de acordo com duas fontes citadas pela Reuters.
O alvo era o comandante de operações do Hezbollah, Ibrahim Aqil, que pertence ao topo da hierarquia militar do grupo armado, segundo as duas fontes dos serviços de segurança libaneses e a rádio do exército israelita. Aqil terá sido morto durante uma reunião com membros da Unidade Radwan, um corpo de elite dentro do Hezbollah, segundo uma das fontes ouvidas pela Reuters. As Forças de Defesa de Israel (IDF) confirmaram a morte de Aqil.
"Com as informações precisas da Divisão de Inteligência, os caças da força aérea atacaram a área de Beirute e mataram Ibrahim Aqil, o chefe da equipa de operações da organização terrorista Hezbollah e o comandante interino da Unidade Radwan. No ataque, além de Aqil, os operacionais de topo e a cadeia de comando da Unidade Radwan também foram eliminados", revelou o porta-voz das IDF, Daniel Hagari.
O bombardeamento de Israel à capital libanesa causou 12 mortes e deixou 66 feridos, segundo o Ministério da Saúde do Líbano. Os serviços de emergência libaneses estão ainda à procura de desaparecidos nos escombros de dois edifícios atingidos por este ataque.
Entre os mortos no bombardeamento israelita estão pelo menos cinco crianças, de acordo com a National News Agency, um canal televisivo libanês. Quatro rockets atingiram um edifício numa zona residencial no sul de Beirute por volta das 16 horas (menos duas horas em Portugal continental), numa altura de grande movimento, segundo o mesmo canal.
As autoridades israelitas informaram apenas ter levado a cabo um “ataque selectivo” em Beirute, não tendo fornecido pormenores adicionais. O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, disse que Israel irá dar continuidade "às acções da nova fase" do conflito com o Hezbollah até que os objectivos sejam cumpridos: "O regresso seguro dos residentes do Norte [de Israel] às suas casas."
Este ataque surge após dias de aumento da tensão entre Israel e o Líbano. Na última noite, a força aérea israelita fez mais de 50 bombardeamentos contra alvos do Hezbollah no Sul do Líbano, na campanha aérea mais intensa desde a eclosão da guerra na Faixa de Gaza, há quase um ano.
Antes disso, pelo menos 37 pessoas morreram quando pagers e walkie-talkies usados por elementos do Hezbollah explodiram numa operação sem precedentes organizada pelos serviços secretos israelitas, embora não confirmada oficialmente.
"O ataque de hoje é uma nova humilhação para o Hezbollah, numa semana em que centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo grupo explodiram, causando caos e pânico no Líbano", escreveu o correspondente da BBC em Beirute, Hugo Bachega. "Foi uma falha de segurança inédita que mostrou como Israel conseguiu penetrar no sistema de comunicações do grupo", acrescentou.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, adiou um dia a sua partida para os EUA, inicialmente marcada para dia 24, por causa da situação de segurança no Norte do país.
Aqil era procurado pelo Departamento de Justiça dos EUA por suspeita de ter participado num ataque à bomba contra a embaixada norte-americana em Beirute, em 1983, em que morreram 63 pessoas, e num ataque contra uma base de Marines em que morreram 241 militares.
O comandante do Hezbollah também é suspeito de ter ordenado o rapto de cidadãos norte-americanos e alemães nos anos 1980.
Os ataques dos últimos dias marcam o momento de maior tensão entre Israel e o Hezbollah, desde o início da guerra em Gaza, e há receio de que se abra uma nova frente de combate com uma possível invasão terrestre do Líbano pelas forças israelitas. Esta foi apenas a terceira vez que Israel atacou Beirute desde Outubro do ano passado.
Esse cenário foi descrito como um “juízo final” pelo embaixador libanês em Londres, Rami Mortada, numa entrevista ao The Times esta sexta-feira. “Estamos perante todos os riscos de um conflito regional abrangente e é isso que temos tentado evitar sem descanso”, afirmou.