Autarca de Constância apreensivo com futuro de trabalhadores da Tupperware

Presidente da Câmara Municipal de Constância espera esclarecimentos da Tupperware, que se prepara para declarar falência, e já pediu a intervenção do Ministério da Economia.

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Fábrica da Tupperware em Constância, em 2013 Miguel Manso
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O presidente da Câmara Municipal de Constância afirmou esta quarta-feira estar apreensivo e preocupado com o anúncio do início do processo de declaração de falência da multinacional norte-americana Tupperware e "com o futuro dos 200 trabalhadores" da fábrica instalada no concelho.

"Angústia, ansiedade, incerteza e preocupação. É aquilo que nós vivemos actualmente, fundamentalmente pelas pessoas que têm ali o posto de trabalho, precisam daquele trabalho para viver", afirmou à Lusa Sérgio Oliveira, presidente daquele município do distrito de Santarém.

O autarca disse ter solicitado esclarecimentos à empresa e pedido esta quarta-feira a intervenção do ministro da Economia, pedidos que estão a "aguardar resposta".

A fábrica da Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980 em Montalvo, Constância, depende a 100% da casa-mãe norte-americana, com o anúncio do pedido de declaração de insolvência a poder ter consequências na unidade portuguesa, actualmente com cerca de 200 trabalhadores efectivos.

"Nós sabemos muito pouco, as informações que temos é aquilo que tem vindo a sair na comunicação social. Ontem [terça-feira] de manhã, quando tivemos conhecimento dessa situação, procurámos junto da unidade de Montalvo obter esclarecimentos e a resposta que tivemos foi que o nosso pedido tinha sido encaminhado ao departamento de comunicação da empresa. Portanto, presumo que tenha ido para os Estados Unidos e aguardamos que venha uma resposta daí", explicou Sérgio Oliveira.

O autarca disse ainda ter pedido apoio ao Ministério da Economia para tentar esclarecer uma situação que poderá afectar 200 pessoas, numa fábrica onde estão "famílias inteiras" a trabalhar. "Solicitámos a ajuda do senhor ministro da Economia. Trata-se de uma empresa multinacional e é fundamental a intervenção deste Ministério para tentarmos perceber", declarou, reafirmando a preocupação social. "Em alguns casos são famílias inteiras, são os postos de trabalho e a incerteza com que as pessoas estão. Não há nada pior na vida do que a incerteza."

Questionado sobre se a fábrica mantém a produção, o autarca disse que a informação de que dispõe, "sem ser oficial", é que "estão algumas máquinas paradas" devido ao excesso de stock em armazém, tendo lamentado o silêncio da empresa.

Questionado pela Lusa, Dário Lima, do Sindicato dos Trabalhadores, disse que, "se se vier a verificar o fecho da fábrica, será um flagelo social para cerca de 200 trabalhadores e respectivas famílias".

O representante do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) referiu que a estrutura sindical "vai pedir mais informações à administração para se inteirar do que pretende a Tupperware fazer" com os trabalhadores e com a fábrica em Portugal.

A Lusa questionou também a empresa, não tendo obtido, até ao momento, resposta ao pedido de esclarecimento.

A multinacional norte-americana Tupperware iniciou o processo de declaração de falência, arrastada pela queda nas vendas, e vai procurar a aprovação do tribunal para continuar a operar e facilitar um processo de venda para proteger a marca.

A Tupperware Brands, conhecida mundialmente pelos seus recipientes de plástico para guardar alimentos, iniciou voluntariamente o processo do Capítulo 11 no Tribunal de Falências de Delaware, o que fez cair as acções em mais de 50% na Bolsa de Nova Iorque e levou à posterior suspensão.

A empresa já tinha adiado as suas contas anuais de 2023 em Março deste ano e, em Junho, anunciou planos para encerrar a sua única fábrica nos EUA e despedir quase 150 trabalhadores.

Uma década depois de ter iniciado a sua actividade nos Estados Unidos, a Tupperware expandiu-se para a Europa e, em meados dos anos 60, estava presente em seis países europeus, tendo depois dado o salto para os mercados da América Latina e da Ásia.