Ataque ucraniano com drones na Rússia causa abalo sísmico

Alvo foi um paiol na província de Tver onde estavam armazenados mísseis de longo alcance como os que têm sido usados para atacar cidades ucranianas. Uma cidade teve de ser evacuada.

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Imagens da explosão de um paiol na Rússia depois de ataque ucraniano SOCIAL MEDIA / SOCIAL MEDIA VIA REUTERS
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Um novo ataque ucraniano em território russo causou um forte abalo que chegou a ser registado por estações de monitorização de sismos. Pelo menos 13 pessoas ficaram feridas e uma localidade teve de ser evacuada, segundo as autoridades.

Desta vez, o ataque com drones ucranianos aconteceu na província de Tver, a noroeste de Moscovo, e teve como alvo um paiol dentro de uma instalação militar. Imagens que circularam pelas redes sociais mostram uma enorme bola de fogo no céu, na madrugada desta quarta-feira.

Foram registadas várias explosões, que, provavelmente, atingiram outros armazéns com combustível e armamento. “Tudo o que pode incendiar-se já está a arder (e a explodir)”, afirmou o blogger militar russo Iuri Podoliaka, citado pela Reuters. A imprensa russa não noticiou o ataque, mas o governador de Tver, Igor Rudenia, disse que drones ucranianos foram abatidos pelas defesas antiaéreas, mas que um incêndio obrigou à evacuação de residentes da cidade de Toropets – não foi revelado o local atingido.

Os serviços de monitorização de sismos registaram um abalo equivalente a um sismo de baixa magnitude com epicentro no local do ataque. A explosão de maior dimensão foi equivalente a uma detonação entre 200 e 240 toneladas de explosivos, segundo o especialista do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais de Monterey, na Califórnia (EUA), George William Herbert, citado pela Reuters.

A Ucrânia não reivindicou oficialmente este ataque, mas uma fonte dos serviços secretos disse ao jornal Ukrainska Pravda que o paiol atacado foi escolhido por albergar mísseis de longo alcance russos e bombas aéreas guiadas. Outro responsável ucraniano revelou que neste paiol também tinham começado a ser armazenados mísseis fornecidos pela Coreia do Norte. A Rússia tem usado este tipo de armamento nos bombardeamentos contra o território ucraniano.

Perante o impasse sobre a autorização para que Kiev possa usar mísseis de longo alcance ocidentais contra este tipo de alvos em território russo, as forças ucranianas mantêm a estratégia de recorrer a drones para visar locais longe das suas fronteiras. O paiol atacado esta quarta-feira estava a quase 500 quilómetros da fronteira ucraniana.

Os aliados ocidentais de Kiev, em particular os EUA, têm hesitado em autorizar a Ucrânia a utilizar os mísseis de longo alcance por si fornecidos para atacar alvos em profundidade no território russo. Moscovo tem reiterado os avisos de que um ataque em solo russo com estas armas irá elevar o grau do conflito.

Entretanto, noutra frente da guerra, a Rússia disse ter tomado a cidade de Ukrainsk, na província de Donetsk. Trata-se de um progresso importante rumo ao objectivo mais imediato das forças russas para chegar a Kurakhove, um importante ponto logístico.

Apesar das tentativas da Ucrânia em perturbar o fornecimento logístico que tem suportado a ofensiva russa no Donbass, as forças ao serviço do Kremlin têm alcançado algumas vitórias no Leste ucraniano. Aguarda-se uma batalha difícil em torno de Kurakhove, cidade que, ao longo dos últimos meses, foi rodeada de um novo sistema de trincheiras defensivas construídas pelas forças ucranianas, como explica o New York Times.

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