França desaconselha viagens à Venezuela após detenção de seis estrangeiros no país

Cada vez mais isolado do bloco das democracias ocidentais, o regime chavista insiste na existência de um plano para matar Maduro e outros líderes. Governo de Sánchez garante apoio a espanhóis detidos.

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O aeroporto de Caracas é um lugar cada vez mais deserto RONALD PENA / EPA
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A França recomendou esta segunda-feira que os seus cidadãos evitem viajar para a Venezuela a todo custo, excepto por “motivos de força maior”, e instou os franceses que se encontram no país sul-americano a manterem-se afastados de “qualquer manifestação de natureza política”.

A recomendação aos viajantes foi emitida pelo centro de crise do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês após a detenção de seis estrangeiros (três americanos e três europeus), acusados ​​de conspirarem para assassinar vários dirigentes venezuelanos, incluindo o Presidente, Nicolás Maduro, e “desestabilizar” o país.

A justificação do Ministério francês é o “aumento das tensões” pós-eleições presidenciais de 28 de Julho, nas quais tanto Nicolás Maduro como o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, se consideraram vencedores.

“Recomenda-se àqueles que já estão no país que se mantenham afastados de quaisquer manifestações políticas e de reportar sobre a situação política e de segurança. Recomenda-se também evitar qualquer expressão sobre a situação política venezuelana em espaços públicos”, indicou o ministério francês no seu comunicado, citado pela agência Infobae.

O anúncio da detenção de três norte-americanos, dois espanhóis e um checo foi feito pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello, uma das principais figuras do chavismo, no sábado à noite, afirmando que esses estrangeiros pertenciam ou tinham ligações aos serviços secretos americanos e espanhóis. Tanto os EUA como Espanha negaram as acusações.

Esta segunda-feira, o gabinete do ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, disse estar em “contacto permanente” com as famílias dos espanhóis detidos na Venezuela, em colaboração com o consulado espanhol em Caracas e a Direcção Geral de Assuntos Consulares.

Apesar do conflito diplomático entre Caracas e Madrid ter atingido um ponto de quase ruptura no final da semana passada, com a chamada do embaixador espanhol ao Ministério das Relações Exteriores para explicações, o chefe do Governo de Espanha evitou esta segunda-feira fazer comentários sobre a situação no seu discurso ao Congresso.

Dias depois de o Congresso dos Deputados (câmara baixa) ter aprovado uma recomendação do Partido Popular ao Governo para que reconheça a vitória de Edmundo González, Pedro Sánchez limitou-se a dizer que continua a “defender a democracia em todas as partes do mundo, também na Venezuela” e insistiu no apelo para que o Governo de Maduro publique a acta das eleições para verificar de forma “imparcial e independente” os resultados. Algo que, acrescentou, o Executivo espanhol pede há um mês, “juntamente com a maioria dos países ocidentais e os restantes Estados-membros da União Europeia”.

Após a aprovação da recomendação do Congresso espanhol, as relações diplomáticas entre os dois países ficaram ainda mais tensas depois da ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, ter considerado que o Governo de Maduro é uma "ditadura". Em reacção, o presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, anunciou uma proposta de resolução que recomenda o corte de “todas as relações diplomáticas, consulares, económicas e comerciais” com Espanha.

Com mais este conflito diplomático em mãos, o regime chavista distancia-se ainda mais do bloco das democracias liberais: depois das eleições de 28 de Julho, a Venezuela já expulsou os embaixadores de sete países (Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai. E na semana passada, viu mais 16 personalidades ligadas ao regime serem alvo de sanções económicas e restrições de vistos dos EUA.

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