OE2025: Carneiro diz que Pedro Nuno tudo tem feito para a estabilidade política

O ex-ministro da Administração Interna defendeu que é importante os socialistas mostrarem “disponibilidade para dialogar” sobre o OE com o Governo, mas mantendo “linhas vermelhas”.

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José Luís Carneiro com Pedro Nuno Santos, durante a campanha para as eleições legislativas Daniel Rocha
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José Luís Carneiro, que disputou a liderança socialista com Pedro Nuno Santos, considerou este sábado que o PS e o seu líder "tudo têm feito" pela estabilidade política, defendendo a manutenção da disponibilidade para negociações orçamentais "mas com linhas vermelhas".

Foi através das redes sociais que José Luís Carneiro transmitiu aquilo que defendeu durante a sua intervenção na Comissão Nacional do PS, que se reuniu este sábado em Coimbra com foco no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

"O PS e o secretário-geral [Pedro Nuno Santos] tudo têm feito e tudo devem continuar a fazer para que o país tenha estabilidade política. A estabilidade é essencial, particularmente numa altura em que estamos a viver uma guerra na Europa e outra no Médio Oriente e quando o país, Estado e autarquias, tem metas tão exigentes para cumprir", defendeu.

Para o deputado do PS é importante que os socialistas mostrem "a disponibilidade para dialogar" o OE2025 com o Governo, mas considerou que isso deve ser feito "com linhas vermelhas", a primeira das quais as "contas certas". "Manter a responsabilidade para com as novas gerações assumindo a trajectória da redução da dívida pública", acrescentou ainda.

Como linha vermelha, para Carneiro, está ainda o reafirmar do "modelo de crescimento" defendido pelo PS que passa por "mais inovação, mais competitividade, melhores salários". Na política fiscal, o opositor interno nas últimas eleições internas de Pedro Nuno Santos concorda com um "IRC direccionado para os desafios estratégicos" e um "IRS como factor de justiça ao trabalho com dignidade".

"Temos de tornar claras as nossas prioridades de investimento", defendeu ainda, dando como exemplo a saúde, a habitação, a educação, os transportes e a mobilidade.

No entanto, para o socialista é ao Governo de Luís Montenegro que cabe "tomar a iniciativa de apresentar as propostas" orçamento, assim como dar o passo para "o diálogo e a concertação política".

"É, aliás, lamentável que o governo tenha falhado nos seus deveres de apresentar – a tempo e horas ao parlamento o exercício das contas relativo ao ano de 2024 e as previsões para 2025. Mas não falhou apenas em relação ao maior partido da oposição. Falhou em relação ao presidente do Parlamento", criticou. Carneiro exige ainda ao executivo PSD/CDS "uma atitude de humildade democrática".

"É inaceitável a "limpeza" na administração pública, sem cuidar de garantir a transferência de conhecimento. Com o pobre e populista argumento de que é para evitar indemnizações. Para já o que se tem visto é que tem servido pouco o Estado, mas tem contribuído para garantir saída a muitos dos autarcas do PSD em fim de mandato", condenou.

Na intervenção que fez na abertura da Comissão Nacional do PS, que foi aberta à comunicação social, Pedro Nuno Santos avisou que, apesar de ser muito importante evitar eleições, não permitirá a aprovação de um Orçamento do Estado com "medidas lesivas", afirmando que a disponibilidade do PS não é "a qualquer preço".

O líder do PS acusou o Governo de não ter sido sério na gestão de diferentes dossiês e de ter "feito propaganda e enganado os portugueses" por ter em mente eleições antecipadas e se querer preparar para elas.

Nesta reunião do órgão máximo entre congressos, que durou cerca de três horas, foi aprovado por unanimidade o relatório e contas de 2023.