Montenegro quer “todos a remar para o mesmo lado”, recusa repto do Chega e não afasta PS

O primeiro-ministro foi confrontado com o desafio deixado pelo Chega ao final da última reunião dos partidos com o Governo e garantiu: é para continuar a negociar com o PS.

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Luís Montenegro não esteve presente em nenhuma reunião das duas rondas de negociação do OE2025 ANTÓNIO COTRIM / LUSA
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O Governo não irá afastar o PS das negociações do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) para garantir a viabilização do Chega. À margem da recepção aos atletas olímpicos, o primeiro-ministro agarrou-se às metáforas desportivas e afirmou que os portugueses esperam que na política "todos estejam remar para o mesmo lado, a pedalar para a mesma meta, todos estejam a correr para alcançar o melhor resultado possível".

Esta manhã, à saída da reunião com o Governo, o Chega afirmou que o voto contra que tinha anunciado afinal só é "irrevogável se o acordo for com o PS". Em resposta, Luís Montenegro afirmou que o Governo não irá fechar a porta à negociação com os socialistas ― que esperam que o executivo marque a próxima reunião.

O primeiro-ministro voltou a defender que os portugueses querem "ter um Orçamento aprovado" e "evitar a todo custo que haja uma instabilidade política" que "possa depois repercutir-se em dificuldades acrescidas para a vida das pessoas".

Luís Montenegro, que ainda não esteve presente em nenhuma das rondas negociais com os partidos, afirmou que o esforço está a ser feito "com todos". Esta terça-feira, ainda antes de ouvir o Chega, o ministro dos Assuntos Parlamentares colocou a expectativa "sobre o PS", uma vez que a informação dos partidos já está recolhida.

No final da reunião com o Governo, o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, disse que se o executivo disser que "não quer nada com o PS" e que quer chegar a um "acordo de viabilização do OE" com o Chega, o Governo "poderá contar" com o partido liderado por André Ventura.

"Neste cenário de 'não queremos nada com o PS, não queremos acolher as propostas do PS, queremos falar com o Chega e fazer uma solução de Governo e uma solução para aprovar este Orçamento', cá estaremos para falar", esclareceu. Mas Montenegro asseverou que esse não será o caminho escolhido pelo seu Governo.

Já antes, o líder parlamentar do PSD assinalou que em todos os orçamentos apresentados pelo PS, "mesmo aquele em que o PS tinha maioria absoluta", o Chega sempre "fez mistério" do seu sentido de voto e nunca o revelou antes de conhecer o documento, ao contrário do que decidiu fazer desta vez, com o Governo AD.

A posição do Chega surge depois de, nos primeiros meses da legislatura, várias medidas do PS terem sido viabilizadas com a abstenção do partido de André Ventura e à revelia do PSD. O fim das portagens em algumas das antigas Scut (auto-estradas sem custos para os utilizadores) aprovado em Maio, por exemplo, teve mesmo o voto a favor do Chega, que votou ao lado da esquerda parlamentar. E no Orçamento do Estado para 2022, por exemplo, o Chega votou ao lado do PS 56 vezes na fase de discussão das propostas de alterações ao OE.

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