Grand Tour, de Miguel Gomes, é o candidato de Portugal na corrida aos Óscares
Filme premiado em Cannes chega às salas portuguesas para a semana. A 97.ª edição dos Óscares está marcada para 2 de Março de 2025 em Los Angeles, sendo os nomeados revelados a 17 de Janeiro.
O filme Grand Tour, de Miguel Gomes, é o candidato de Portugal a uma nomeação aos Óscares, os prémios norte-americanos de cinema, revelou a Academia Portuguesa de Cinema esta quarta-feira.
A longa-metragem foi escolhida pelos membros da academia, entre cinco obras finalistas, para ser candidata a uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme Internacional em 2025.
Os cinco filmes finalistas eram Grand Tour, A Flor do Buriti, de João Salaviza e Renée Nader Messora, Manga d'Terra, de Basil da Cunha, O Teu Rosto Será o Último, de Luís Filipe Rocha, e O Vento Assobiando nas Gruas, de Jeanne Waltz.
Grand Tour chega às salas portuguesas a 19 de Setembro, depois de ter sido premiado, em Maio, no festival de Cannes, em França, valendo a Miguel Gomes o prémio de melhor realização, inédito para o cinema português.
O filme segue um romance de início do século XX: Edward (Gonçalo Waddington), funcionário público do império britânico, foge da noiva Molly (Crista Alfaiate) no dia em que ela chega para o casamento, embarcando numa viagem solitária pela Ásia.
"Contemplando o vazio da sua existência, o cobarde Edward interroga-se sobre o que terá acontecido a Molly... Desafiada pelo impulso de Edward e decidida a casar-se com ele, Molly segue o rasto do noivo em fuga através deste Grand Tour asiático", é possível ler-se na sinopse.
Produzida pela Uma Pedra no Sapato, em co-produção com Itália, França, Alemanha, China e Japão, a longa-metragem de ficção foi feita em dois tempos, com uma primeira rodagem durante um périplo do realizador e de uma pequena equipa por vários países do Oriente e, mais tarde, com filmagens com os actores em estúdio, em Roma e em Lisboa.
A 97.ª edição dos Óscares está marcada para 2 de Março de 2025 em Los Angeles, nos Estados Unidos, sendo os nomeados revelados a 17 de Janeiro.
De acordo com a Academia Portuguesa de Cinema, Portugal tem submetido um candidato à categoria de Melhor Filme Internacional anualmente desde 1980. Nunca houve, no entanto, um nomeado português nesta categoria.
A Academia Portuguesa de Cinema é responsável pela escolha do filme candidato a uma nomeação para os Óscares desde 2012. Esta é a segunda vez que selecciona um filme de Miguel Gomes, depois de, em 2016, ter submetido o tríptico As Mil e Uma Noites.
Além deste processo de selecção por parte da Academia Portuguesa de Cinema, é possível ao cinema português entrar na corrida por uma nomeação aos Óscares noutras categorias, consoante diferentes critérios de elegibilidade, como por exemplo a premiação dos filmes em determinados festivais internacionais.
Além de Portugal, outros países foram já anunciando as suas escolhas na corrida a uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme Internacional. A Alemanha, por exemplo, vai candidatar Les Graines du Figuier Sauvage, do realizador iraniano Mohammad Rasoulof, uma co-produção com França e Alemanha que foi prémio da crítica e do júri em Cannes. Rasoulof apresentou o filme em Cannes depois de ter conseguido fugir do Irão, onde foi condenado por atentar contra o regime de Teerão.
A Letónia submeterá Flow, uma história de sobrevivência contada em animação, sem diálogos, realizada por Gints Zilbalodis. Protagonizada por um gato, foi premiada em Annecy (França).
No final de Agosto foi anunciado que pela Palestina seria submetido o filme From Ground Zero, que articula 22 curtos filmes de novos realizadores oriundos de Gaza, numa iniciativa que partiu da organização Masharawi Fund, criada em Novembro de 2023.
Contactado pela agência Lusa, Miguel Gomes já reagiu à escolha por parte da Academia Portuguesa de Cinema de submeter Grand Tour: afirmou que decerto "o distribuidor americano ficará contente com isso", ao mesmo tempo que disse achar difícil que o filme venha efectivamente a conseguir uma nomeação aos Óscares.
"Uma coisa é Cannes, que é mais aberto a propostas de cinema menos mainstream, menos industriais. A academia americana é composta por membros, produtores, realizadores, pessoas da indústria, que é muito poderosa, mas também algo conservadora e onde conta muito essa componente industrial, que não é propriamente o que associamos ao cinema português", sublinhou Miguel Gomes.
"Será uma boa surpresa caso aconteça [uma nomeação], não ficarei triste, mas eu não poria o meu dinheiro nisso", concluiu.