Encontrado abrigo fora da cadeia de Vale de Judeus. Cúmplices teriam “preparação militar”

Ao observar as câmaras de vigilância do estabelecimento prisional, é possível perceber que os cúmplices da fuga têm “uma abordagem em marcha táctica típica das operações especiais”.

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“Estes indivíduos estariam já há algumas horas junto ao muro escondidos nesse abrigo” Rui Gaudêncio
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Foi encontrado um “abrigo com características militares” junto à cadeia de Vale dos Judeus, em Alcoentre, de onde cinco reclusos escaparam no último sábado, 7 de Setembro. Pedro Proença, advogado do Sindicato dos Guardas Prisionais, disse esta tarde que terá sido esse o sítio usado pelos cúmplices dos fugitivos.

Em declarações aos jornalistas, Pedro Proença informou que, dentro desse abrigo, situado a metros da rede que limita o estabelecimento prisional, foram encontradas latas de refrigerantes. A Polícia Judiciária recolheu-as para análise, porque é possível que constituam uma “prova biológica”. Terá sido também nesse abrigo que os cúmplices guardaram a escada verde utilizada na fuga.

“Estes indivíduos estariam já há algumas horas junto ao muro escondidos nesse abrigo [...]. Terão pernoitado aí”, avançou o advogado do Sindicato dos Guardas Prisionais. Ao observar as câmaras de vigilância do estabelecimento prisional, é possível perceber que os cúmplices da fuga têm “uma abordagem em marcha táctica típica das operações especiais”.

Para Pedro Proença, “obviamente” os reclusos tiveram ajuda de pessoas com “preparação militar especial”. “Provavelmente integram unidades especiais de forças militares ou já integraram”, afirmou o advogado.

Fuga foi detectada 65 minutos após ocorrer

Cinco reclusos escaparam da prisão de Vale dos Judeus este sábado. Segundo dados do Relatório de Auditoria à Actuação dos Serviços de Vigilância e Segurança, divulgados esta terça-feira pela ministra da Justiça, Rita Júdice, em conferência de imprensa, a fuga terá durado apenas seis minutos. Às 9h55 os três cúmplices entraram no estabelecimento prisional, às 9h57 teve início a “evasão dos reclusos” e às 10h01 estavam os cinco fora da prisão.

Só por volta das 11h dois guardas prisionais deram pela falta dos reclusos. Um deles circulava de viatura no perímetro da cadeia de Vale de Judeus quando viu uma escada verde. Nos minutos seguintes, toda a corporação foi avisada. Entre a aproximação dos cúmplices e a detecção da fuga pelos guardas decorreram 65 minutos. A Polícia de Segurança Pública (PSP) soube de fuga da prisão quase três horas depois do início da fuga e Polícia Judiciária (PJ) cinco horas depois.

Na sequência da evasão, o director-geral da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), Rui Abrunhosa Gonçalves, apresentou a demissão a Rita Júdice, que já aceitou o pedido. Isabel Leitão, até aqui subdirectora-geral da DGRSP, assumirá funções por agora, em regime de substituição.

A ministra da Justiça afirmou que a fuga de cinco reclusos foi possível devido a uma “cadeia sucessiva de erros e falhas graves, grosseiras, inaceitáveis” e anunciou uma auditoria urgente à segurança dos 49 estabelecimentos prisionais portugueses.

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