Vai abrir uma sala em Penafiel para descentralizar a cultura e expandir a cidade

O centro cultural Ponto C, com 15 mil metros quadrados, foi inaugurado no final do mês passado e está pronto a receber público já este mês. O arranque será feito com 30 horas de programação gratuita.

Foto
O Ponto C, em Penafiel, foi inaugurado no final do mês passado e durante este mês já vai receber público DR
Ouça este artigo
00:00
04:01

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Tem uma área total de 15 mil metros quadrados e nasceu para acolher várias disciplinas artísticas em diferentes palcos, que passarão a fazer parte de um roteiro cultural nacional, numa zona do país que ainda não estava servida por um equipamento com estas características. É assim que a Câmara de Penafiel descreve o novo centro de cultura Ponto C, que já está pronto para receber o primeiro trimestre de uma agenda que foi divulgada esta terça-feira de manhã, depois da sua inauguração na última semana de Agosto. As portas abrem-se a 16 de Setembro para visitas. E entre 27 e 29 de Setembro arranca a programação, durante três dias, com 24 espectáculos, nos quais participam 200 artistas, que se dividirão por oito palcos, durante 30 horas de programação gratuita.

O equipamento foi construído no vale do Rio Cavalum e na Quinta da Caturra e não só faz crescer a cidade de Penafiel para essa zona, como estará no radar de toda a região do Tâmega e Sousa.

Nos 15 mil metros quadrados de área, segundo comunicado enviado à imprensa, existem vários espaços prontos para receber “criação artística local, nacional e internacional”. Entre eles há um “auditório com capacidade para 400 pessoas”, a “Casa da Caturra com capacidade para 100 pessoas, amplos átrios, uma cafetaria”, a “Sala Eurico”, que homenageia o pintor penafidelense Eurico Gonçalves (1932-2022), “um pátio” e um anfiteatro e jardins, onde também podem ser realizadas actividades.

Os três pilares da programação para a temporada 2024/2025, apresentada nesta terça-feira e que pode ser consultada no site da autarquia, serão: “Cultura de Comer e de Beber”, “com obras que convidam à degustação, em jeito de celebração à volta da mesa”; “Viagens na Minha Terra” que “convidam o público a embarcar e visitar as culturas brasileira, argentina, cabo-verdianas ou da Estónia”; e “Igualdade, Liberdade, Sororidade” com “propostas vinculadas com a causa dos direitos humanos e a conquista pela igualdade e a democracia”.

Estas propostas, desenhadas pela equipa da directora artística Mónica Guerreiro, que até 2023 esteve à frente do Coliseu do Porto, até ser substituída por Miguel Guedes, passam pela música, teatro, exposições, circo, escultura, dança, ópera e conferências que levarão ao concelho artistas internacionais e talentos de Penafiel e do Vale do Sousa.

Contactada pelo PÚBLICO, Mónica Guerreiro diz que a programação do Ponto C será “escolhida em função de assuntos e causas” que querem “chamar à discussão pública”. É assim, por acreditar que “dar contexto e trabalhar na mediação com a comunidade pode ter um papel relevante na acessibilidade, ao providenciar chaves de leitura para a experiência artística”.

“Inclusividade e acessibilidade”

A directora artística acrescenta que, em cada caderno de programação, “serão apresentados os temas da temporada e será publicado um ensaio, textual ou visual, [por forma] a expandir o tema para a área do pensamento”. O espaço terá uma preocupação especial com a “igualdade”. Por isso, as “visitas e espectáculos” contarão com serviço de “audiodescrição e LGP [Língua Gestual Portuguesa]”, e ainda com “serviço de baby-sitting”, estando garantidas ainda questões como as da “inclusividade” e acessibilidade”.

O investimento rondou cerca de 12 milhões de euros e parte desse valor chegou proveniente de financiamento europeu, captado no âmbito de um projecto de reabilitação urbana. Cerca de 50% foi pago pela autarquia. Ao PÚBLICO, o presidente da Câmara de Penafiel, Antonino de Sousa (PSD/CDS-PP), reforça que o investimento neste equipamento cultural traz consigo outras vantagens, nomeadamente duas outras intervenções: uma acessibilidade que “abriu a encosta” onde foi construído o Ponto C ao centro da cidade, que terá ligação “à avenida principal”; e uma nova praça “com articulação entre o Ponto C e essa nova acessibilidade”.

“É uma nova área de expansão da cidade de Penafiel, que durante muitos anos era, com alguma ironia, conhecida como uma cidade de risco ao meio, porque estava muito focada na Nacional 15, que atravessa toda a cidade. O equipamento permite que a cidade crie agora essa nova área de expansão”, sublinha.

Sugerir correcção
Comentar