Presidente da Argélia reeleito com quase 95% dos votos, entre críticas da oposição

Autoridades eleitorais atribuem vitória esmagadora a Abdelmadjid Tebboune, em mais uma votação pouco participada. Candidato opositor denuncia “irregularidades” nas mesas de voto.

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Abdelmadjid Tebboune chegou à presidência da Argélia em 2019 Algerian Presidency / VIA REUTERS
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Tal como se esperava, Abdelmadjid Tebboune foi reeleito Presidente da Argélia nas eleições realizadas no sábado. Este domingo, as autoridades eleitorais do país do Norte de África anunciaram os resultados provisórios: mais de 94 % do total de votos e mais do que suficiente para Tebboune evitar uma segunda volta.

“Dos 5.630.000 votos registados, 5.320.000 votaram no candidato independente Abdelmadjid Tebboune, representando 94,65%”, disse aos jornalistas Mohamed Charfi, dirigente da ANIE, revelando que o candidato Abdelaali Hassani Cherif obteve 3% e que o candidato Youcef Aouchiche se ficou pelos 2%.

Não obstante, ainda antes do anúncio, a equipa de campanha de Cherif emitiu um comunicado a denunciar uma série de irregularidades na votação.

De acordo com os representantes do candidato, houve funcionários das mesas de voto que foram pressionados a inflacionar os resultados e que não entregaram as actas da contagem dos votos aos candidatos da oposição. Para além disso, dizem que houve vários grupos de eleitores que votaram com uma só procuração.

Mohammed Charfi, recusou, no entanto, as denúncias de Cherif e assegurou que a ANIE trabalhou para garantir a total transparência na contagem dos votos e a concorrência leal entre todos os candidatos.

Cherif, um islamista moderado, e Aaouchiche, um secularista, não tinham, à partida, grandes hipóteses de forçar Tebboune, apoiado pelos militares e pelo establishment argelino, a disputar uma segunda volta.

Eleito pela primeira vez durante os protestos de 2019 que forçaram o seu veterano antecessor, Abdulaziz Bouteflika, a abandonar o poder ao fim de 20 anos, Tebboune deu o seu aval, nos últimos anos, à repressão levada a cabo pelas forças de segurança argelinas contra dissidentes e de críticos do regime.

Tal como na eleição de 2019, a participação voltou a ser muito reduzida na votação de sábado: apenas 48% dos eleitores inscritos se deslocaram às urnas.

Segundo a Reuters, a reeleição de Tebboune significa que o Governo da Argélia provavelmente vai continuar a prometer aumentos dos subsídios de desemprego, das pensões e dos programas de habitação pública, com base no crescimento das receitas do mercado energético argelino.

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