Uma questão de confiança

Há muitos anos que não se consegue criar um ambiente político e uma situação pública capazes de criar confiança nas instituições.

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É certamente um dos maiores mistérios da vida política: a confiança! Não se trata de subserviência, nem de seguidismo. Muito menos dependência ou receio. Nem instinto ou consciência de classe. A confiança implica o contrário: é uma decisão racional, com base na informação. É também um sentimento difuso, mas sólido, com fundamento no reconhecimento de normas e tradições na vida pública. É uma compreensão aguda dos mecanismos de comportamento social, ora imperfeitos, ora límpidos, mas aceites. É uma sensação de respeito pelas regras de vida em comum, com origem na certeza que temos de que os nossos concidadãos têm uma atitude de apreço pelas normas que nos regem. É o reconhecimento do valor das instituições, estejam elas comandadas pelos amigos ou por adversários políticos. É a certeza de que as organizações públicas, lideradas por sócios ou por concorrentes, são orientadas por princípios de democracia ou de legitimação aceite. É a convicção de que, mesmo com os defeitos conhecidos da acção política, mesmo com erros na governação, as organizações da sociedade têm funções que tentam cumprir todos os dias. E ainda a certeza de que as pessoas que desempenham essas funções não são todas egoístas, trapaceiras e corruptas. Ou finalmente a sensação de que nas sociedades existem, fora da política, princípios de justiça, ideias de castigo e recompensa, sentimentos de compaixão e reflexos de solidariedade.

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