O pesadelo do Benfica fora de casa dura desde Janeiro

Em 11 jogos disputados em 2024, os “encarnados” só ganharam quatro fora de portas no campeonato. E a quebra na produção ofensiva é muito acentuada.

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A comitiva do Benfica foi apupada pelos adeptos no final do jogo em Moreira de Cónegos FERNANDO VELUDO / LUSA
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Rui Costa abandonou a bancada do estádio antes do apito final. Os jogadores foram vaiados no final do jogo, quando foram agradecer o apoio dos adeptos. O treinador foi brindado com lenços brancos e palavras menos simpáticas. É este o momento que vive o Benfica, de desassossego e pressão acrescida depois de mais um deslize no campeonato 2024-25, o segundo em quatro jornadas apenas (1-1 diante do Moreirense). Mais do que um mau momento, é já uma tendência, como comprovam os dados dos últimos meses.

O Benfica versão Roger Schmidt começou a todo o gás na primeira temporada, em 2022-23, ganhou o campeonato, convenceu na frente europeia e, apesar da quebra de rendimento no final da época, semeou expectativas elevadas junto dos adeptos e da opinião pública para a temporada seguinte. O triunfo na Supertaça voltou a dar confiança, mas a maratona do campeonato encarregar-se-ia de provar que a fórmula parecia esgotada, apesar de um investimento generoso nos mercados de Verão e de Inverno.

Se juntarmos a isto o falhanço repetido nas provas internas a eliminar, Taça da Liga e Taça de Portugal, percebemos que o final da época 2023-24 tenha chegado com uma carga de pressão esmagadora sobre plantel e equipa técnica. Nessa altura, Rui Costa, presidente do Benfica, veio a público defender o treinador, alertar para a necessidade de corrigir lacunas no plantel e manifestar a confiança de que a história mudaria no ciclo seguinte.

Acontece que 2024-25 está a mostrar que Roger Schmidt não é capaz de travar a espiral negativa que tomou conta do projecto há longos meses. O Benfica voltou a reforçar-se em vários sectores, ao mesmo tempo que patrocinou também a saída de jogadores importantes, e até ver não foram detectadas melhorias. Uma derrota com o Famalicão a abrir (pelo mesmo 2-0 com que tinha perdido na época anterior) e um novo tropeção no Minho, agora em Moreira de Cónegos (1-1), reduziram uma caminhada de potenciais 12 pontos (num calendário que não parecia assim tão exigente) a apenas sete.

Pelo meio, as "águias" ganharam sem convencer ao Casa Pia e ao Estrela da Amadora, mas com exibições que não abafaram a contestação dos adeptos e que, a julgar pelo discurso, parecem ter apenas convencido Roger Schmidt. O que permite concluir que tem sido especialmente fora de casa que o Benfica tem soçobrado, mesmo que no Estádio da Luz continue a quilómetros de distância da equipa arrasadora que o treinador alemão montou na primeira época.

Em quebra acentuada há longos meses

Circunscrevamo-nos apenas a este ano para percebermos do que estamos a falar. Desde Janeiro, levando em conta a segunda metade da época passada e o arranque da actual, o Benfica acumulou quatro vitórias, três empates e quatro derrotas fora de casa no campeonato. Ou seja, somou 15 pontos apenas em 33 possíveis. E que adversários defrontou neste período? Dois desaires aconteceram frente aos rivais, FC Porto (um esmagador 5-0) e Sporting (2-1), e outros dois diante do Famalicão (2-0 em ambos), enquanto os empates foram provocados pelo Vitória SC (2-2), Rio Ave (1-1) e Moreirense (1-1).

No final do empate em Moreira de Cónegos, na sexta-feira, Roger Schmidt afirmou também que não conseguia compreender por que razão a equipa não está a conseguir fazer golos. E também aqui os dados ilustram uma quebra de produção considerável no número de oportunidades de golo criadas, que passou de 4.2 por jogo na primeira época, para 3.9 na segunda e para 2.3 na actual - quase metade do que sucedia em 2022-23. Ou seja, a questão não está no gesto da finalização (até porque Pavlidis e Marcos Leonardo têm qualidades nesse domínio), mas na incapacidade de criar, apesar do domínio territorial exercido.

O treinador alemão vive, pois, o momento mais delicado desde que tomou conta do projecto e a sua continuidade na Luz deverá em cima da mesa na reunião que a direcção do Benfica e a administração da SAD têm agendada para este sábado, para discutir a aprovação das contas. Na actual conjuntura desportiva, porém, o momento da equipa de futebol não poderá ficar à margem.

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