Lídia Jorge é a convidada do Encontro de Leituras desta terça-feira
A escritora estará no clube de leitura do PÚBLICO e da Quatro Cinco Um conversar sobre o romance Misericórdia no dia 10. A sessão, às 22h de Lisboa (18h em Brasília), acontece no Zoom.
A portuguesa Lídia Jorge é a convidada do próximo Encontro de Leituras e em discussão estará o romance Misericórdia, que venceu o Grande Prémio de Romance e Novela 2022 da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Literário Fernando Namora e, em França, o Prémio Médicis de Melhor Livro Estrangeiro.
A sessão do clube de leitura do PÚBLICO e da revista brasileira Quatro Cinco Um acontecerá no próximo dia 10, às 22h de Lisboa (18h em Brasília), no Zoom, como habitualmente, aberta a todos os que queiram participar. A ID é a 821 5605 8496 e a senha de acesso 719623. Aqui fica o link.
A jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e Paulo Werneck, director de redacção da revista Quatro Cinco Um, apresentam o evento, destinado a leitores de língua portuguesa, no qual se discutem romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário na presença de um escritor, editor ou especialista convidado.
A personagem principal de Misericórdia, Dona Alberti, vive num lar de idosos, o antigo Hotel Paraíso, e ao longo da narrativa seguimos os seus pensamentos e o seu último ano de vida. Classificado como “uma ficção em forma de romance”, uma “narrativa híbrida que mistura vários géneros”, um “misto de conto, de diário íntimo, de memória, de biografia e de crónica de um tempo muito próprio”, no entender da editora da LeYa, Cecília Andrade, Misericórdia, narrado na primeira pessoa, é “uma espécie de diálogo com a sociedade do nosso tempo”.
Ao longo da narrativa criada por Lídia Jorge, “a vida dos residentes vai-se cruzando com a dos cuidadores, de onde se destacam pelo menos dois imigrantes (com as suas vidas precárias), a muito jovem brasileira do Pará, Lilimunde (que se anuncia pelo seu cheiro a bergamota, quase à maneira dos romances do ‘realismo mágico’), e o marroquino Ali, homossexual e por isso vítima dos preconceitos de um dos residentes”, como descreveu José Riço Direitinho no Ípsilon em 2022, ano em que o livro foi publicado em Portugal pela Dom Quixote. No Brasil, saiu recentemente pela editora Autêntica Contemporânea.
“Entremeando o riquíssimo universo interior da narradora aos acontecimentos de um mundo pré-pandemia, Lídia Jorge retrata a velhice de forma surpreendente, com personagens complexas que convivem com os limites do corpo e a proximidade da morte sem ceder ao desencanto e à amargura”, escreveu a jornalista e escritora brasileira Silvana Tavano na recensão que fez na Quatro Cinco Um.
Esta história foi escrita por Lídia Jorge a pedido da sua mãe, Maria dos Remédios, que faleceu no Lar da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime no começo da pandemia. A escritora dedica-lhe o livro e também ao escritor chileno Luis Sepúlveda (1949-2020) que morreu com covid-19. “Eles nunca se conheceram, mas estão unidos no tempo das estrelas e cruzam-se no interior destas páginas”, lê-se numa nota final do livro assinada pela autora.