Papa Francisco diz que recusar ajuda aos migrantes é um “pecado grave”

Papa rejeita solução que tenha por base a “militarização das fronteiras”.

Foto
O Papa Francisco na audiência desta quarta-feira REUTERS/Ciro De Luca
Ouça este artigo
00:00
02:22

O Papa Francisco criticou fortemente, na quarta-feira, o tratamento dado aos migrantes que atravessam o Mar Mediterrâneo para entrar na Europa, afirmando ser um “pecado grave” não oferecer ajuda às embarcações de migrantes.

“Há quem trabalhe sistematicamente e com todos os meios para rejeitar os migrantes”, disse o pontífice durante a sua audiência geral semanal na Praça de São Pedro. “E isso, quando feito com consciência e responsabilidade, é um pecado grave”, disse.

O Papa tem falado frequentemente sobre o tratamento dos migrantes ao longo dos seus 11 anos de pontificado, mas as suas palavras de quarta-feira, invocando a terminologia católica para um dos piores tipos de pecado, foram especialmente fortes.

Os migrantes que atravessam o mar Mediterrâneo em embarcações simples ou em botes feitos à mão, provenientes do Norte de África e do Médio Oriente, têm sido objecto de um intenso debate político em toda a Europa durante a última década.

A Organização Internacional para as Migrações estima que mais de 30 mil migrantes que atravessam o Mediterrâneo desapareceram desde 2014.

Em Itália, um navio de salvamento operado pela organização Médicos Sem Fronteiras recebeu uma ordem de detenção de 60 dias na segunda-feira. Segundo as autoridades, o navio, que realizou várias operações de salvamento em 23 de Agosto, não comunicou correctamente os seus movimentos.

Os Médicos Sem Fronteiras refutaram essas afirmações. “Fomos sancionados pelo simples facto de cumprirmos o nosso dever legal de salvar vidas”, afirmou a organização num comunicado. Na quarta-feira, Francisco apelou à expansão das vias de acesso para os migrantes e a uma “governação global da migração baseada na justiça, na fraternidade e na solidariedade”. O Papa disse que a questão não seria resolvida através da “militarização das fronteiras”.

Nas últimas semanas, o Papa tem feito uma série de reflexões sobre questões espirituais católicas nas suas audiências semanais.

No início das observações de quarta-feira, o Papa disse que estava a adiar essa série esta semana, para considerar “as pessoas que estão a atravessar mares e desertos para encontrar um lugar onde possam viver em paz e segurança”.

A audiência de quarta-feira foi a última antes de Francisco, de 87 anos, embarcar na próxima semana para uma ambiciosa visita a quatro países do Sudeste asiático, de 2 a 13 de Setembro. É a viagem mais longa do pontífice, que agora usa regularmente uma cadeira de rodas devido a dores nos joelhos e nas costas. ​