Afinal não foi o sismo mais forte (nem o mais intenso) dos últimos 60 anos
O sismo ocorrido nesta madrugada, com 5,3 na escala de Richter, foi sentido com grande intensidade, mas nem por isso foi o mais forte.
Às 5h11 da madrugada desta segunda-feira, foi registado um sismo com epicentro a 60 quilómetros de Sines. Amontoam-se os relatos de pessoas que acordaram com o abanão, ficando a ideia de que este terá sido o sismo mais forte dos últimos 60 anos em Portugal.
Com 5,3 na escala de Richter, o sismo de 26 de Agosto de 2024 não foi o mais forte dos últimos anos. Contudo, pode estar entre os mais sentidos. Isto é, a sua magnitude não foi a maior, mas a sua intensidade foi elevada.
A escala de Richter, organizada de zero a dez, classifica os sismos, consoante a sua magnitude, como: micro (menos de 2,0), muito pequeno (2,0-2,9), pequeno (3,0-3,9), ligeiro (4,0-4,9), moderado (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grande (7,0-7,9), importante (8,0-8,9), excepcional (9,0-9,9) e extremo (superior a 10).
É, no entanto, a escala modificada de Mercalli que define a sua intensidade, de I (imperceptível) a XII (catastrófico). O sismo desta madrugada está avaliado em V/VI na escala de Mercalli, ou seja, moderado/pouco forte.
A existência destas duas escalas e a falta de conhecimento da população criam, muitas vezes, confusão.
26 de Maio de 1975, sentido na Madeira. 8,1 na escala de Richter
Este sismo com uma impressionante magnitude de 8,1 atingiu o patamar de V/VI na escala de Mercalli, na Madeira, os mesmos valores que a ocorrência desta madrugada de 26 de Agosto. Causou somente danos ligeiros no arquipélago e foi sentido, com menor intensidade, na parte ocidental de Portugal continental e Espanha, bem como em algumas ilhas açorianas, nas Canárias e em Marrocos. Além disso, acabou por gerar um tsunami, registado por um marégrafo de Ponta Delgada. Com menos 0,6 na escala de Richter, o sismo de 1969 criou muito mais estragos.
28 de Fevereiro de 1969, Lisboa e Algarve. 7,5 na escala de Richter
O sismo que atingiu o Sul do país e a região de Lisboa, às 3h41, foi o último grande sismo a ocorrer em Portugal continental, e o mais importante do século XX. Atingiu o patamar VI/VII na escala de Mercalli, em Lisboa. No Algarve, foi observada uma intensidade de VIII, ou seja, foi considerado destrutivo.
Nesse dia, o sismo provocou pânico entre a população. Foram cortadas várias linhas de telecomunicações, bem como o fornecimento de energia eléctrica. Em Portugal continental registaram-se 13 vítimas mortais e foram reportados 58 feridos. Caíram chaminés e foram destruídos vários veículos estacionados, verificaram-se fendas nas paredes, vidros partidos e deslocamento de telhas. Foram derrubadas cerca de 400 casas.
Entre 28 de Fevereiro e 24 de Março de 1969 ocorreram 47 réplicas e, apesar de ser dos sismos mais mediáticos da história de Portugal (provavelmente só vencido pelo de 1755) e de ter tido uma intensidade bastante elevada, nos últimos 60 anos houve um outro com classificação superior na escala de Mercalli.
1 de Janeiro de 1980, Açores. 6,7 na escala de Richter
Foi às 16h42 do primeiro dia de 1980 que ocorreu um sismo com magnitude de 6,7, com epicentro no mar entre a ilha Terceira e São Jorge. A ocorrência foi sentida em todas as ilhas, à excepção de Flores e Corvo. O terramoto provocou 61 mortes, mais de 300 feridos e milhares de desalojados, causando prejuízos por várias ilhas açorianas. Mais de 15 mil habitações ficaram danificadas ou destruídas.
Na localidade das Doze Ribeiras, na ilha Terceira, o sismo foi sentido com grau VIII/IX na escala de Mercalli, isto é, destrutivo/ muito destrutivo.
26 de Agosto de 1966, Santiago do Cacém. 4,7 na escala de Richter
Há precisamente 58 anos, a 26 de Agosto de 1966, Portugal também sentiu um abanão. Às 5h56 registou-se um sismo de magnitude 4,7, com uma intensidade de Mercalli de VII, em São Bartolomeu da Serra, Santiago do Cacém. À semelhança do de 2024, não foram registadas vítimas nem danos materiais.