João Almeida não estava bem na Vuelta? Se calhar, até estava

O português disse que não estava bem, mas mostrou o contrário. Correu como corre sempre, subiu ao segundo lugar da Vuelta e assistiu a um jovem de 23 anos perder uma etapa por festejar demasiado cedo.

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O pelotão da Volta a Espanha Javier Lizon / EPA
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“As sensações não têm sido as melhores, não tenho muitas perspectivas. Vou dar o meu melhor, para tentar chegar na melhor posição possível. Não me tenho sentido muito bem na bicicleta. Logo vemos como é que será o resultado.” Quem disse isto foi João Almeida, ciclista português que está na Volta a Espanha. Disse-o a respeito da dura etapa desta terça-feira.

Depois da tirada que terminou no Pico Villuercas, uma escalada de primeira categoria, de cinco quilómetros a 10,3% de inclinação, podemos dizer que o português queria enganar toda a gente ou apenas deixou que o corpo o enganasse a si próprio. Almeida subiu ao segundo lugar da classificação, agora liderada por Primoz Roglic, depois de ter terminado a etapa na terceira posição. E mostrou que estava melhor do que ele próprio pensava.

O que se passou nesta etapa foi apenas mais um dia normal de Almeida. Quando a subida ficou mais dura, ele perdeu contacto com os rivais mais fortes – inclusivamente com Sivakov, colega de equipa que tinha estado estranhamente ofensivo no início da escalada, quando os seus líderes, Almeida e Yates, não estavam assim tão confortáveis. E não estavam sequer por perto.

Depois de “descolado”, Almeida imprimiu o seu ritmo e foi ultrapassando os rivais, um por um, chegou ao grupo principal, foi o único da equipa a terminar no grupo principal e ainda foi sprintar pelas bonificações no topo da montanha. Nada de novo, porque é o que faz sempre, sobretudo em escaladas como esta, com zonas de explosão.

Quando chegou à frente, assistiu na primeira fila à bizarria de Lennart van Eetveld, que estava na luta com Roglic e festejou antes do tempo. Ergueu o braço, parou de pedalar e deixou que o esloveno o ultrapassasse na linha de meta. Erro de amador, mais ainda contra alguém como Roglic. Acabou de aprender algo aos 23 anos – e dificilmente repete a proeza.

Com este desfecho, não há dúvida de que Almeida é o líder da UAE. Está a oito segundos de Roglic e ganhou tempo a Sivakov, McNulty e, sobretudo, a Yates, que perdeu mais de um minuto.

Para esta quarta-feira está desenhada uma etapa plana, pensada para um final em pelotão compacto.

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