Um morto e seis desaparecidos após o naufrágio de um iate de luxo ao largo da Sicília
Veleiro de 56 metros de comprimento com registo britânico foi atingido por vendaval ao largo de Palermo, capital da Sicília. Estavam 22 pessoas a bordo, uma delas seria Mike Lynch.
Uma pessoa morreu e seis estão desaparecidas depois de um iate de luxo ter sido atingido por um vendaval e se ter afundado ao largo da costa da capital siciliana, Palermo, informou a imprensa italiana. A Agência France Press avança que entre os desaparecidos está o milionário Mike Lynch, conhecido como o "Bill Gates britânico", e que a sua mulher, Angela Bacares, foi resgatada.
Os bombeiros e a Guarda Costeira italianos tinham dito anteriormente que os seus mergulhadores estavam à procura de sete pessoas desaparecidas e não confirmaram de imediato que um corpo tinha sido encontrado.
O veleiro de luxo de 56 metros de comprimento, com registo britânico, afundou-se com 22 pessoas a bordo quando foi atingido por uma violenta tempestade ao nascer do sol, disse a Guarda Costeira num comunicado, tendo acrescentado que um membro da tripulação e seis passageiros estão desaparecidos, com nacionalidade britânica, americana e canadiana.
Oito das pessoas resgatadas, incluindo uma criança de um ano de idade, foram transferidas para hospitais locais e encontravam-se todas em estado estável, noticiaram os meios de comunicação social locais.
Mike Lynch, que se mantém desaparecido, tem 59 anos e é um dos empresários britânicos mais conhecidos na área da tecnologia. Lynch fundou a Invoke Capital e foi co-fundador da Autonomy Corporation e da Darktrace, todas empresas tecnológicas.
Nos últimos anos, foi arguido num caso de fraude a propósito da venda de uma das empresas de software que ajudou a fundar, a Autonomy, à Hewlett-Packard (HP), que acusava o milionário de inflacionar as receitas para valorizar a empresa.
Na sequência deste caso, Lynch foi extraditado do Reino Unido para os EUA para ser julgado, mas acabou por ser absolvido. Dias antes deste naufrágio, outro arguido deste processo morreu num acidente de viação.
O veleiro virou-se por volta das cinco horas da manhã, devido aos ventos fortes e às águas agitadas provocadas por uma tromba de água, noticiaram os meios de comunicação social italianos.
"Eu estava em casa quando o tornado chegou", disse o pescador Pietro Asciutto à agência noticiosa ANSA. " Fechei imediatamente todas as janelas. Depois vi o barco, só tinha um mastro, era muito grande. Vi-o afundar-se de repente".
Outra testemunha citada por aquela agência disse que "o barco estava todo iluminado. Por volta das 4h30 da manhã, já não estava lá. Um barco bonito onde havia uma festa. Um dia de férias normal e alegre no mar transformou-se numa tragédia".
Os mergulhadores dos bombeiros continuam a vasculhar as áreas em redor do barco, que arvorava uma bandeira britânica. Os helicópteros também estão a ajudar nos esforços de salvamento, disseram as autoridades.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico não fez qualquer comentário imediato.
O papel do aquecimento global
A Guarda Costeira designou o iate como sendo o Bayesian, construído pelo construtor naval italiano Perini em 2008. O navio de luxo tem um casco de alumínio, pode atingir uma velocidade máxima de 15 nós e pode transportar 12 convidados e uma tripulação de até dez pessoas, de acordo com sites especializados em iates.
O barco deixou o porto siciliano de Milazzo a 14 de Agosto e foi localizado pela última vez a leste de Palermo no domingo à noite, com um estado de navegação de "ancorado", de acordo com a aplicação de localização de navios Vesselfinder.
Um climatologista italiano ouvido pela agência Reuters defendeu entretanto que o aquecimento global pode ter sido o factor responsável pelo naufrágio. " Não sabemos qual foi porque tudo aconteceu na escuridão, nas primeiras horas da manhã, por isso não temos fotografias", disse Luca Mercalli, presidente da Sociedade Meteorológica Italiana, avançando que uma tromba de água (um tornado sobre a água) ou um downburst (um fenómeno mais frequente que não envolve a rotação do ar) podem ter estado na origem da tragédia.
As estatísticas mostram que as tempestades estão a tornar-se mais frequentes em todo o país, o que, segundo Mercalli, pode estar relacionado com o aquecimento global. "A temperatura da superfície do mar à volta da Sicília foi de cerca de 30 graus Celsius, o que é quase 3 graus mais do que o normal. Isto cria uma enorme fonte de energia que contribui para estas tempestades", disse Mercalli.
"Por isso, não podemos dizer que tudo isto se deve às alterações climáticas, mas podemos dizer que têm um efeito amplificador".
"As catástrofes provocadas pelo clima em Itália vão tornar-se mais frequentes e mais intensas", disse Mercalli.
Notícia actualizada às 19h05 com a informação de que Mike Lynch está entre os desaparecidos.