Diplomata britânico demite-se para não ser “cúmplice de crimes de guerra” israelitas

Mark Smith contesta venda de armamento britânico a Israel, acusando Governo de Benjamin Netanyahu de cometer crimes de guerra em Gaza.

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Palestinianos na Faixa de Gaza Ramadan Abed / REUTERS
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Um diplomata britânico demitiu-se por considerar que o Reino Unido “pode estar a ser cúmplice de crimes de guerra” levados a cabo por Israel na Palestina. Mark Smith, segundo-secretário na embaixada britânica na Irlanda, tornou pública a carta de demissão através de uma publicação na Internet, criticando a venda de armamento britânico ao Estado israelita.

“É com tristeza que me demito após uma carreira longa no serviço diplomático. Contudo, não posso desempenhar mais os meus deveres com o conhecimento de que este departamento pode ser cúmplice em crimes de guerra”, escreve o agora ex-diplomata.

Em causa estão as acções militares israelitas contra Gaza, com Mark Smith a deixar claro que o Reino Unido, através do acordo de armamento que mantém com Israel, contribui para a miséria humana sofrida pelo povo palestiniano.

“Todos os dias testemunhámos exemplos caros e inquestionáveis de crimes de guerra e quebras na lei humanitária internacional em Gaza perpetradas pelo Estado de Israel”, reforça o agora ex-diplomata. Mark Smith acrescenta que o Governo israelita demonstrou uma “clara intenção genocida” durante a invasão e que os militares filmam deliberadamente a “destruição e saque da propriedade de civis” palestinianos.

O antigo diplomata sublinha o elevado número de habitações destruídas em ataques israelitas, adiantando que cerca de 80% das propriedades comerciais foram destruídas.

"Não há justificação para a venda continuada de armamento a Israel", resume Mark Smith, acusando os ministros de mentirem quando dizem que o Reino Unido tem "um dos mais transparentes e robustos regimes de licença de exportação de armamento".

Desde o início da invasão a Gaza, em Outubro de 2023, Israel sempre negou qualquer quebra da lei internacional, justificando os ataques que atingem áreas civis com objectivos militares concretos.

Mais de 40 mil palestinianos foram mortos, de acordo com os dados mais recentes avançados pelo Ministério da Saúde palestiniano, organização controlada pelo Hamas. Registaram-se ainda mais de 92 mil feridos nos últimos dez meses de conflito.

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