Kamala Harris quer “construir” uma “economia de oportunidades”

No seu primeiro discurso sobre economia, a candidata democrata à presidência diz que o seu “objectivo determinante” será reforçar a classe média: “Quando a classe média é forte, a América é forte.”

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Kamala Harris no comício em Raleigh, Carolina do Norte Jonathan Drake / REUTERS
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Falando aos seus apoiantes na Carolina do Norte, a vice-presidente dos Estados Unidos e candidata do Partido Democrata Kamala Harris apresentou-se como alguém que cresceu na classe média, numa casa alugada, e prometeu que, se ganhar as eleições de 5 de Novembro, irá lutar por uma “economia de oportunidades” a partir da Casa Branca.

No seu primeiro discurso como candidata centrado na economia, Kamala Harris prometeu cortes de impostos para a maioria dos americanos, uma redução até seis mil dólares (5450 euros) para casais que tenham filhos, lutar contra a “manipulação dos preços”, fazer baixar os custos dos medicamentos e incentivar a construção de três milhões de unidades de habitação nos quatro anos do seu mandato – para isso, anunciou um incentivo fiscal aos construtores que construam casas acessíveis para os que compram a primeira habitação.

“Construir a classe média será um objectivo determinante da minha presidência, porque acredito firmemente que quando a classe média é forte, a América é forte”, disse a vice-presidente. Já depois de deixar a mensagem aos seus apoiantes: “Juntos, vamos construir aquilo a que chamo uma economia de oportunidades.”

A candidata democrata pretendia com as propostas apresentadas no seu discurso diferenciar-se do seu rival republicano. Donald Trump ainda não apresentou o seu plano económico, mas tem atacado muito a Administração de Joe Biden pela subida de inflação, tendo prometido fazer descer os preços imediatamente se ganhar a presidência.

A CNN lembrava na sexta-feira que um Presidente dos EUA tem poucas ferramentas ao seu dispor para concretizar o que o ex-chefe de Estado promete, pois cabe à Reserva Federal de forma independente estabelecer as taxas de juro.

Numa aparente contradição com essa sua promessa de interferir nos preços, nos dois discursos centrados em temas económicos Trump também acusou a Administração democrata de querer instituir “controlos de preço comunistas”.

Nos seus comícios, Trump tem acusado a vice-presidente de ter copiado a sua proposta de acabar com os impostos federais às gorjetas, uma das medidas económicas que o ex-Presidente mais tem prometido aos seus apoiantes. De acordo com um estudo do Budget Lab da Universidade de Yale, cerca de quatro milhões de pessoas (2,5% do total de empregos) trabalhavam em 2023 em profissões que recebem gorjetas.

Kamala Harris, por seu lado, acusou o seu rival na corrida de querer impor, de facto, um imposto nacional sobre as vendas de produtos importados de uso corrente e de primeira necessidade: “Isso vai devastar os americanos.” A vice-presidente referia-se à proposta do candidato republicano de aplicar direitos aduaneiros generalizados às importações, como forma de proteger os artigos produzidos nos EUA.

Numa altura em que “a inflação está a cair significativamente depois de ter atingido o seu pico e com um plano para fazer com que os eleitores sintam que a vice-presidente lhes pode aliviar a dor” causada pelos preços altos, Kamala Harris parece encaminhada para “minimizar os danos que a inflação tem causado aos democratas”, refere Peter Coy no New York Times.

Como escreve Coy, se a vice-presidente conseguir “transformar um dos seus maiores pontos negativos” em algo potencialmente positivo aos olhos dos eleitores, se conseguir “vender” essa mensagem aos norte-americanos, isso “aumentará muito as suas hipóteses de vencer em Novembro”.

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