Milhares de indianas “reclamam a noite” após médica ter sido violada e assassinada

Uma médica foi encontrada morta num hospital na Índia. Um voluntário do hospital foi preso por violação e assassinato. Dezenas de milhares de mulheres saíram à rua para pedir justiça.

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O protesto é o culminar de uma semana de indignação por parte das mulheres indianas PIYAL ADHIKARY / EPA
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Há cerca de uma semana, a 9 de Agosto, uma médica foi encontrada morta num hospital da Índia. Desde a meia-noite desta quinta-feira, 15 de Agosto, dezenas de milhares de mulheres saíram à rua em Bengala ocidental, para “reclamar a noite” e exigir justiça.

O protesto é o culminar de uma semana de indignação por parte das mulheres indianas, após um incidente num hospital ter abalado o país. Uma médica interna foi descansar numa sala de seminário, após um turno de 36 horas no Hospital Universitário RG Kar, em Calcutá. No dia seguinte, foi encontrada pelos colegas seminua e com ferimentos graves. O suspeito, um voluntário do hospital apanhado pelas câmaras de videovigilância, já foi detido.

O caso despertou o país para a insegurança que os médicos enfrentam: os médicos internos vivem sobrecarregados, passando muitas vezes mais horas no hospital do que em casa, não têm muitas vezes sítios designados para descansar (é o caso do Hospital Universitário RG Kar) e são alvos de violência, assim como os enfermeiros. Alguns profissionais de saúde pararam de trabalhar para exigir uma lei que os proteja.

Este caso volta a pôr em cima da mesa a discussão sobre a condição das mulheres na Índia. O protesto levado a cabo na madrugada desta quinta-feira seguia o mote “reclamar a noite” e exigia que todos, mas particularmente as mulheres, tivessem independência para viver em liberdade e sem medo.

Havia mulheres, crianças, homens, idosos. Todos se juntaram nas ruas de Bengala ocidental com o mesmo propósito: exigir um futuro mais seguro. Seguravam cartazes, onde pediam justiça, e tochas que lhes iluminavam as caras determinadas. Um repórter no local afirmou: “Nunca vimos nada assim na cidade, uma concentração de mulheres a marchar à noite.”

Uma mulher entrevistada pela BBC juntou-se à marcha com a filha de 13 anos para a “tornar consciente dos seus direitos” e “perceber se um protesto em massa corrige as injustiças”. Outra mulher disse: “Não respeitam as mulheres, (...) valemos menos do que vacas e cabras.”

O protesto foi, na maioria do tempo, pacífico, até um grupo de homens não identificados ter invadido e assaltado a urgência do Hospital Universitário RG Kar. A polícia dispersou-os com gás lacrimogéneo. Além disso, alguns veículos das autoridades ficaram danificados.

Esta quinta-feira, 15 de Agosto, marca os 77 anos de independência da Índia. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, abordou os protestos no discurso que proferiu para assinalar a data. “Enquanto sociedade, teremos de reflectir seriamente sobre as atrocidades que estão a ser cometidas contra as mulheres, há indignação contra isto no país. Consigo sentir essa indignação”, afirmou, acrescentando que “o país, a sociedade e os governos” têm de levar a sério estas questões. Para manter a confiança dos cidadãos, disse, é necessária uma “investigação rápida dos crimes contra as mulheres e a punição rigorosa e imediata dos autores destes actos monstruosos”.

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