Angola passou de 18 para 21 províncias. Luanda dividida em duas
Proposta de Lei foi aprovada no Parlamento com os votos do MPLA. UNITA votou contra porque considera que os princípios e os objectivos da lei “não serão alcançados”.
O Parlamento angolano aprovou, na sexta-feira, na globalidade a divisão administrativa das províncias do Cuando-Cubango, Moxico e Luanda, com votos favoráveis do MPLA, elevando o país para 21 províncias, iniciativa “chumbada” pela UNITA (oposição) que pedia “autarquias já”.
A proposta de Lei sobre a Divisão Político Administrativa (DPA) de Angola, iniciativa do Presidente angolano, João Lourenço, foi a votação final e global durante a oitava reunião plenária extraordinária da Assembleia Nacional, sendo aprovada apenas com votos favoráveis do partido no poder.
Com a aprovação da lei, Angola passará a contar com 21 províncias, contra as actuais 18, uma iniciativa bastante contestada pela oposição, sobretudo com o aditamento, na especialidade, da divisão da província de Luanda.
Além das três novas províncias – Cuando, que surge da divisão do Cuando-Cubango, Cassai Zambeze, que surge da divisão da província do Moxico, e Icolo e Bengo, oriunda da partição em duas da província de Luanda –, o país passa a ter 326 municípios e 378 comunas.
De acordo com o seu relatório de fundamentação da lei da DPA, a iniciativa visa, por um lado, promover o desenvolvimento equilibrado do território, aproximar os serviços públicos aos cidadãos e garantir a ocupação integral do território e, por outro, racionalizar os serviços da administração do Estado, aumentando a sua eficácia, eficiência e equidade.
Segundo o deputado Mário Pinto de Andrade, o MPLA votou favoravelmente porque o diploma “está em perfeita harmonia” com o programa do Governo do MPLA e do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-2027.
“Votámos a favor porque acreditamos que os problemas das populações (água, energia, habitação e estradas) serão resolvidos mais rapidamente pelos serviços públicos e pelas administrações municipais”, acrescentou o deputado do MPLA.
Para o deputado Américo Chivukuvuku, que apresentou a declaração de voto da oposição, a UNITA votou contra porque está convencida que os objectivos e os princípios preconizados na lei “não serão alcançados”.
“Os paradigmas e a cultura de governação centralizada são os mesmos que ao longo dos anos produziram pobreza multidimensional, fome, desemprego, elevado custo de vida, corrupção, despesismo e, em suma, não permitiram a aproximação dos serviços às populações”, argumentou.
Esta declaração de voto foi seguida por gritos e palavras de ordem dos deputados do grupo parlamentar da UNITA que, em uníssono, gritavam “autarquias já” e “o povo quer autarquias”.
O Partido Humanista de Angola (PHA), o Partido de Renovação Social (PRS) e a FNLA, todos na oposição, abstiveram-se, convergindo na ideia de que a divisão administrativa do país não responde aos problemas prioritários do país.
“Consideramos esta divisão extemporânea porque entendemos que o país tem prioridades urgentes de combate à miséria”, disse a deputada Florbela Malaquias, do PHA.
O deputado Rui Malopa Miguel (PRS) questionou, na sua declaração, o aditamento da divisão da província de Luanda na proposta da DPA, referindo que esta tem condicionantes históricas, culturais e económicas que não sabe se foram tidas em conta neste processo.
O ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente angolano, Adão de Almeida, havia assegurado, anteriormente, que a nova DPA de Angola deve entrar em vigor em 2025 e o Orçamento Geral do Estado (OGE) desse ano, que deve ser aprovado em finais de 2024, deve contar já com verbas para as 21 províncias.