Comunicações do avião que se despenhou no Brasil não permitem determinar a causa da queda

TV Globo teve acesso às quase duas horas de gravações audio do ATR-72 que se despenhou em Vinhedo. Piloto tentou dar mais potência aos motores para evitar a perda de altitude repentina.

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Dos 62 mortos, 56 já foram identificados pelo Instituto Óscar Freire, em São Paulo, e os corpos de 27 foram entregues aos seus familiares Carla Carniel / REUTERS
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A caixa negra do avião ATR-72 que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, no dia 9 de Agosto, matando 62 pessoas (as primeiras notícias do acidente falavam em 61 mortos), gravou gritos e também o co-piloto Humberto de Campos Alencar e Silva a falar em dar mais potência aos motores ao aperceber-se de que alguma coisa errada se estava a passar com a aeronave.

Essas informações foram exibidas na quarta-feira pelo Jornal Nacional, da TV Globo, que teve acesso a parte das gravações do voo da Voepass. No total, são cerca de duas horas de transcrições das conversas dentro do avião, feitas pelo laboratório de leitura e análise de dados do Centro de Investigação e Prevenção a Acidentes Aéreos (Cenipa), responsável pelas investigações.

Segundo o jornal, os investigadores informaram que a aeronave perdeu altitude de forma repentina e avaliaram que a análise do áudio da cabine não permite determinar a causa da queda.

Pela transcrição, o co-piloto percebeu que o avião estava perdendo altitude e perguntou o que estava acontecendo. Na sequência, diz ser preciso "dar potência", para evitar a queda da aeronave.

Ainda de acordo com a reportagem, um minuto passou desde que a perda de altitude foi constatada até ao embate do avião no solo. Naquele momento, ouvem-se gritos e um grande estrondo. Segundo o Cenipa, durante o tempo da queda a tripulação tentou encontrar formas de reagir para evitar o desfecho, mas sem sucesso.

A investigação ainda prossegue e o laudo deve sair em 30 dias. De acordo com os investigadores, foi difícil decifrar os áudios por causa do barulho na cabine, provocado pelas hélices do avião, que ficam na parte de cima da fuselagem.

Mesmo assim, informa o jornal da Globo, uma análise preliminar do Cenipa não identificou sons característicos de alertas que poderiam dar indícios da causa da queda, como alarme de incêndio, de falha eléctrica ou de paragem do motor.

Até ao começo da tarde de quarta-feira no Brasil, 56 corpos de vítimas do acidente tinham sido identificados, segundo a Secretaria de Segurança Pública brasileira. Desses, 27 já haviam sido entregues aos familiares.

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