Fazunchar: até domingo há um festival de Arte Urbana em Figueiró dos Vinhos

A pintura e a escultura dominam o programa do Fazunchar, que já vai na sexta dição. A organização acredita que este é um investimento com retorno.

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O festival Fazunchar decorre até domingo, em Figueiró dos Vinhos Nuno Ferreira Santos/Arquivo
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Até ao próximo domingo a vila de Figueiró dos Vinhos aprende, de novo, a Fazunchar. O nome do festival de arte urbana - que nos últimos seis anos toma conta do auge do Verão - é um termo próprio de um dialecto local, que os antigos conhecem bem. “Advém do Laínte, dialecto usado, outrora, entre os comerciantes do território e criado para comunicarem, entre si, sem serem percebidos por outros. Fazunchar significa fazer”. A explicação da vereadora Marta Brás, que lidera o pelouro da Cultura na Câmara de Figueiró dos Vinhos, antecede a descrição do que é este festival “multidisciplinar”, que teve o condão de fazer renascer a vila, em certa medida.

“Em 2017 passámos uma fase muito difícil”, recorda a vereadora, numa alusão aos incêndios que destruíram, nesse Junho, grande parte do território. “Já tínhamos em mente vários projectos culturais, do turismo de natureza, mas foi este que acabou por vingar, quando pensámos nalgum investimento forte na área das artes”, conta ao PÚBLICO, a meio da semana que transforma a paisagem da vila e das freguesias do concelho.

Figueiró dos Vinhos já guardava esse legado de ter sido, entre finais do século XIX e princípios do século XX, o centro do naturalismo escolhido por José Malhoa e todos os amigos que faziam parte do célebre “grupo do Leão”, a tertúlia nascida numa cervejaria de Lisboa mas que encontrava naquele concelho do Pinhal Interior a melhor casa.

“Pensámos então em reavivar essas memórias e voltar a olhar para Figueiró, com a riqueza paisagística que temos, acrescentada com a marca das artes”, explica Marta Brás. O conceito estava criado, mas o desafio seria bem maior: não limitar a iniciativa à pintura. “Pensou-se então na arte a céu aberto, estendendo-a para lá da vila, também às freguesias do concelho”, acrescenta.

Depois da pintura, e dos murais que foram nascendo, logo nos primeiros anos, a organização foi “acrescentando valor”, como sublinha a autarca. Daí nasceram exposições, residências artísticas, workshops e visitas guiadas ao alcance da população.

Entre a primeira edição, em 2018, e esta que vai a meio, são muitas as diferenças observadas. Ao cabo de seis festivais, já é possível falar de uma rota de arte urbana, composta por cerca de 40 pinturas murais. E assim a organização consegue “quebrar a sazonalidade”, que era afinal um dos objectivos, desde o início.

Numa primeira fase, o Município de Figueiró dos Vinhos quis “dar um olhar mais atento ao centro histórico”, mas logo tratou de alargar o festival à periferia da vila, e mais tarde às freguesias. “Notamos uma grande diferença, um aumento significativo de visitas ao centro histórico”, sustenta Marta Brás. E assim cumpre-se o principal objectivo do festival: dar continuidade “ao fazer, onde a arte e a cultura assumem um papel primordial, reflexo da identidade cultural de uma vila com fortes influências do Naturalismo, um legado dos pintores José Malhoa e Henrique Pinto, que fizeram de Figueiró dos Vinhos a sua morada, e dos Escultores Simões de Almeida (tio e sobrinho) que daqui eram naturais”.

De resto, é o tio que desta vez será alvo de uma homenagem, em forma de escultura, tal como disse ao PÚBLICO Ricardo Romero, que assume a curadoria deste festival pela primeira vez. Artista plástico, nunca tinha participado no festival e diz-se “surpreendido com todo o carinho e apoio da comunidade”. “Tem superado as minhas expectativas”, conclui. É ele o autor da escultura que está a ser feita no jardim local, uma reinterpretação da peça “órfão”, que existe no Museu.

Ao longo de todos estes dias o Fazunchar conta com 13 artistas (nacionais e internacionais). Para lá da pintura - e agora da escultura - juntam-se outras artes ao programa. A dança, por exemplo, através da bailarina Inesa Markava, que na sexta-feira é protagonista de uma visita dançada às obras do festival. O programa de animação conta com vários Dj’s e artistas de renome. O festival termina no domingo, 18 de Agosto, dia em que acontece um piquenique comunitário.

Este o primeiro ano em que a curadoria saiu das mãos de Lara Seixo Rodrigues, através da Mistaker Maker. A autarquia de Figueiró dos Vinhos justifica a mudança com a necessidade de incluir alterações no conceito, nomeadamente a escultura.

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