Autoridades brasileiras já estão a recuperar corpos das 62 vítimas do acidente aéreo

O acidente ocorreu em Vinhedo, no estado de São Paulo. Os corpos do piloto e do co-piloto foram entretanto identificados.

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O avião caiu em Vinhedo, no estado de São Paulo ISAAC FONTANA / EPA
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As autoridades brasileiras já estão a trabalhar neste sábado na recuperação dos restos mortais dos passageiros de um avião que se despenhou na sexta-feira na cidade de Vinhedo, perto de São Paulo, matando todas as 62 pessoas a bordo.

Pelo menos 31 corpos foram recuperados até às 13h horas locais (16h em Portugal Continental) de sábado, informou o Governo do Estado de São Paulo. Os corpos do piloto e do co-piloto foram identificados, disse Dário Pacheco, presidente da Câmara de Vinhedo.

Todos os corpos estão a ser transferidos para a morgue da polícia de São Paulo.

Um homem venezuelano e uma mulher portuguesa estão entre os mortos, afirmou o oficial da defesa civil do estado, Roberto Farina, acrescentando que os consulados locais já foram contactados.

Na sexta-feira, a transportadora regional Voepass contou que o avião transportava 57 passageiros e quatro tripulantes, mas no sábado a empresa confirmou que outro passageiro não contabilizado estava no voo, elevando o número de vítimas para 62.

As autoridades estão a utilizar a atribuição de lugares, características físicas, documentos e pertences como telemóveis para identificar as vítimas, disse o bombeiro Maycon Cristo no local do acidente.

"Assim que todas as provas forem recolhidas, vamos retirar as vítimas dos destroços e colocá-las no veículo para serem transportadas para São Paulo", disse ele.

Os parentes das vítimas foram trazidos para São Paulo para fornecer amostras de ADN para ajudar na identificação dos restos mortais, disse o coordenador estadual da Defesa Civil, Henguel Pereira.

A chamada "caixa preta" do avião, que contém gravações de voz e dados de voo, está a ser analisada, afirmou Marcelo Moreno, chefe do centro brasileiro de investigação de acidentes aéreos Cenipa, numa conferência de imprensa em Vinhedo.

O avião, uma aeronave turbo-hélice ATR-72, que seguia de Cascavel, no estado do Paraná, com destino a São Paulo, despenhou-se por volta das 13h30 (1630 GMT) em Vinhedo, cerca de 80 km a noroeste de São Paulo. Apesar de ter caído numa área residencial, ninguém em terra ficou ferido.

O avião voou normalmente até às 13h21, altura em que deixou de responder às chamadas, e o contacto por radar foi perdido às 13h22, informou a Força Aérea Brasileira em comunicado.

Os pilotos não relataram nenhuma emergência ou condições meteorológicas adversas, acrescentou a força aérea.

A empresa de aviação franco-italiana ATR, de propriedade conjunta da Airbus e da Leonardo, é a principal fabricante de aviões regionais turbo-hélice com capacidade para 40 a 70 pessoas. A ATR disse à Reuters na sexta-feira que os seus especialistas estavam "totalmente envolvidos" na investigação do acidente.

Grupo de pessoas foi impedida de embarcar no avião

Segundo a Folha de S. Paulo, os passageiros que não conseguiram embarcar no voo demonstraram-se aliviados por não conseguir embarcar no avião despenhado.

À TV Globo, Adriano Assis, passageiro com bilhete para apanhar o voo, agradeceu ao funcionário da companhia aérea que o impediu de voar devido a um atraso causado pelo facto de, segundo ele,

"Quando cheguei aqui (no aeroporto) fiquei esperando o voo, mas os placares e os microfones não indicaram nada. Não tinha ninguém no guichet. Umas 10h41, mais ou menos, o rapaz falou que eu não ia embarcar mais porque era uma hora antes o embarque. Cheguei a discutir com ele, mas acabou que salvou a minha vida", afirmou o passageiro, tendo acrescentado, que se o controlador "não tivesse feito o trabalho dele, talvez não estivesse nessa entrevista aqui".

Já José Felipe Araújo Lima, outro passageiro que ia embarcar antes de ser barrado, afirma, à Folha de S. Paulo ter ficado "em choque" quando soube da notícia do acidente.

"Eu fiquei paralisado, fiquei em choque na hora. Já comecei a agradecer a Deus", afirmou José, dizendo ainda que pediu desculpas ao funcionário com quem discutiu por tê-lo barrado de embarcar no avião e que o abraçou.