Pichardo ameaça acabar a carreira se Governo e Benfica não o apoiarem

Triplista português admitiu desmotivação provocada pelos problemas com o Benfica e pela falta de apoio institucional. Luís Montenegro promete olhar com atenção para a alta competição.

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Pedro Pichardo CHRISTIAN BRUNA / EPA
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Pedro Pichardo deixou em aberto, logo após a conquista da medalha de prata no triplo salto nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a hipótese de encerrar a carreira. Uma decisão que tem vindo a discutir com a família e que poderá ter sido precipitada por um ano difícil, pelas lesões, pelos problemas no Benfica e por falta de apoio do Governo.

“Vou pensar se continuo ou não. O que está na minha cabeça é ficar aqui, parar por aqui e hoje ser a minha última competição”. Foi esta a frase de Pedro Pablo Pichardo depois da prata conquistada nesta sexta-feira, no triplo salto, em declarações à imprensa escrita na zona mista.

Para muitos, uma prata seria o topo de carreira. Para Pichardo, uma prata é motivo para querer parar. Isso e a falta de apoios.

“Há uns anos prometi à minha mãe que acabaria em Los Angeles. Mas nos últimos anos tem sido complicado, com problemas no clube. Infelizmente, em Portugal não temos apoios. O Governo só olha para futebol. Não temos apoio nenhum”, disparou.

E detalhou, quando confrontado com a presença de Luís Montenegro em Paris. “Não o vi (...) mas temos de falar com o Governo e melhorar condições. Seria bom sentar com ele [primeiro-ministro] e pedir apoio além do futebol. A única coisa que peço é apoio. Eu sei que em Portugal é só futebol, mas só pedimos um bocadinho. Nem é muito. Um bocadinho é suficiente”.

Quer continuar no Benfica

Sobre os problemas no clube, Pichardo garantiu que espera reunir em breve com Rui Costa e assume que não quer sair do Benfica – quer apenas mais apoio e ser deixado em paz, palavras do próprio, pela coordenadora do projecto olímpico do clube, Ana Oliveira.

“Espero reunir com Rui Costa em breve e ver se arranjamos uma solução. Eu quero continuar em Portugal e continuar no Benfica, mas quero também ter condições. Pelo que tenho conquistado mereço ter uma estrutura de treino bem formada. Mas não tenho isso. Eu gostaria de ficar no Benfica, mas com melhores condições. Ter um acordo que permita que a directora me deixe em paz”.

Não ganhou uma prata, perdeu um ouro

Há atletas que, quando ganham uma prata, ganham uma prata. E outros há que, quando ganham uma prata, perderam um ouro. E o próprio assumiu isso no final: "Acho que foi um ouro perdido. Perdi por dois centímetros. Estava a saltar a 20cm da tábua. Bastava só acertar na tábua e ganhava. Mas numa final não se pode cometer erros e eu cometi vários. No final, paguei e perdi a medalha de ouro".

"Era só acertar na tábua. Nos primeiros saltos estava a saltar 17,84 a 20 centímetros da tábua. Isso é prova suficiente de que cinco centímetros mais perto da tábua eu ganharia", detalhou.

Sobre o salto que decidiu não dar, o atleta justificou com uma dor. "Abdiquei do quinto salto porque estava a sentir uma pequena dor nos tornozelos e o mister mandou-me prescindir do salto para ver se recuperava um bocadinho. No sexto não estava totalmente bem, mas senti-me melhor", acrescentou, orgulhoso por tornar-se o mais medalhado olímpico português. "Não fico focado nesse tipo de histórias. Para mim é uma honra estar ao lado de Carlos Lopes", admitiu.

Por seu lado, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, elogiou Pichardo e prometeu os apoios indispensáveis.

"Foi muito bem acolhido, tem sido magnífico e expressando essa gratidão a Portugal. O orgulho que temos nele é igual a qualquer outro, independentemente do local de nascimento dos atletas. Quanto ao apoio aos atletas de alta competição, tudo faremos para impor cultura de prática desportiva mais forte, apoiando a alta competição", disse o primeiro-ministro.

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