Puigdemont diz que está de regresso à Bélgica

Líder revelou que regressou à Bélgica “depois de dias extremamente difíceis”. Numa nota no X, escreveu que não se deve pedir aos Mossos d’Esquadra “que sejam leais a ideias e narrativas políticas”.

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Puigdemont conseguiu surgir na quinta-feira em público numa concentração de milhares de apoiantes no centro de Barcelona sem ser detido Nacho Doce / REUTERS
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O líder independentista catalão Carles Puigdemont disse esta sexta-feira que já regressou à Bélgica após se ter deslocado na quinta-feira a Barcelona, onde esteve numa concentração com apoiantes sem ser detido. "Estou em Waterloo depois de dias extremamente difíceis", escreveu Puigdemont, que vive em exílio auto-imposto desde que liderou uma tentativa fracassada de independência da Catalunha, em 2017.

"Disse anteriormente que nunca tive vontade de me entregar voluntariamente ou de facilitar a minha detenção porque considero inaceitável que esteja a ser perseguido por motivos políticos. Compreendo as razões pelas quais o Supremo está obcecado em ter-me nas mãos, mas nem a actuação nem a reacção dos comandos políticos e policiais dos Mossos são compreensíveis ou aceitáveis", escreveu o líder na publicação divulgada ao início da noite desta sexta-feira.

Puigdemont também acusou as autoridades espanholas de iniciarem uma "caça às bruxas" contra algumas pessoas apenas porque foram "vistas ao seu lado" e disse que o Ministério do Interior "perpetrou uma das conferências de imprensa mais deploráveis " de que tem memória. "Não posso acreditar que a caça às bruxas que se desencadeou contra algumas pessoas específicas, simplesmente porque foram vistas ao meu lado em determinados momentos, esteja a ser encenada a partir de esferas políticas que enchem a boca de luta anti-repressiva", apontou.

O líder independentista disse ainda que não se deve pedir aos Mossos d'Esquadra "que sejam leais a ideias e narrativas políticas". "Isto é o que os espanhóis fazem com a sua Polícia e Guarda Civil", escreveu ainda. Um terceiro mosso foi detido por suspeitas de ter ajudado Puigdemont a fugir.

Horas antes, o secretário-geral do seu partido, Junts per Catalunya (Juntos pela Catalunha), Jordi Turull, já tinha dito à rádio catalã que o líder estaria a caminho da Bélgica, onde passou a maior parte dos seus sete anos de exílio.

O Tribunal Supremo espanhol pediu à polícia catalã e ao Ministério do Interior informações sobre a operação para deter o dirigente independentista e “os elementos que determinaram o seu fracasso do ponto de vista técnico-policial”.

Em dois documentos judiciais consultados pela Europa Press, o juiz Pablo Llarena pergunta aos Mossos d'Esquadra e à tutela que operação estava inicialmente montada para a detecção na fronteira e detenção de Puigdemont, bem como que ordens posteriores foram dadas, depois da sua fuga.

Também esta sexta-feira, o advogado do independentista, Gonzalo Boye, confirmou, em declarações à RAC1, que o seu cliente se encontra fora de Espanha e falará “entre hoje e amanhã”, sábado.