Israel lança ataques em Khan Younis e Al-Mawasi

Incursão pela terceira vez na grande cidade do Sul traz questões sobre estratégia israelita. Novas negociações marcadas para 15 de Agosto.

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Mais uma vez, palestinianos deixam a zona oriental de Khan Younis Hatem Khaled / REUTERS
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Carros de combate israelitas voltaram esta sexta-feira a partes da cidade de Khan Younis, a segunda maior da Faixa de Gaza – pela terceira vez desde 7 de Outubro, sublinha o diário israelita Haaretz.

Centenas de pessoas – incluindo residentes de Khan Younis que tinham saído durante a última operação e voltado – deixaram a parte oriental da cidade depois de avisos de Israel. Repetiam-se imagens de longas filas de pessoas, em carros, carrinhos de burros ou a pé, transportando o que conseguiam, andando devagar em estradas congestionadas, descreve a agência Reuters.

Os avisos indicaram às pessoas para irem para a zona ocidental da cidade, diz a jornalista da Al Jazeera Hind Khoudary, e mesmo assim houve ataques nessa zona e na zona de Al-Mawasi, que Israel designou como humanitária mas que tem sido alvo de ataques.

Segundo a Al Jazeera, morreram cinco pessoas no ataque em Al-Mawasi – a Reuters diz que entre elas estavam dois jornalistas, Tamim Abu Muaamar e Abdallah Al-Susi (desde 7 de Outubro, morreram 165 jornalistas em ataques israelitas na Faixa de Gaza). Na zona ocidental de Khan Younis morreram quatro pessoas. O dia terminou com um total de 20 mortos em vários ataques, segundo as autoridades de saúde do território, entre eles algumas crianças.

Mais uma vez, habitantes de Gaza repetiam: “Não há lugares seguros em Gaza.”

“Não sabemos para onde vamos, para a praia, para Al-Mawasi, para qualquer lado”, disse Ahmed al-Farra, um dos deslocados, à agência Reuters. “Aqui não há lugares seguros. Eles atingiram todos os lugares, já atacaram Al-Mawasi e muitas pessoas foram mortas. Não há segurança, a segurança está com Deus.”

Nas últimas semanas, as forças israelitas têm estado a regressar a locais da Faixa de Gaza onde já haviam afirmado que tinham derrotado o Hamas. Michael Milshtein, da Universidade de Telavive e especialista israelita no movimento islamista, comentava ao Haaretz, a propósito da escolha de Yahya Sinwar, o antigo líder de Gaza que está escondido (provavelmente num ponto da rede de túneis), para ser o líder do movimento, que “é impossível ignorar a capacidade de sobreviver” do Hamas, já que “depois de dez meses de guerra, e apesar dos golpes que tem sofrido, ainda está de pé”. Não só “foi capaz de manter alguma réstia de governo civil em Gaza como ainda tem uma capacidade militar, embora limitada”.

Na véspera, morreram 40 pessoas em vários ataques, incluindo em dois campos de refugiados da Cidade de Gaza, Nuseirat e Bureij, e em Khan Younis.

Isto acontece quando a guerra em Gaza estava posta num segundo plano em Israel – e em vários outros países – quando subia a especulação sobre que forma poderia ter a esperada retaliação do Irão a um ataque que matou o líder do Hamas em Teerão e do Hezbollah e outro ataque que matou um comandante seu no Líbano.

Ainda assim, EUA, Egipto e Qatar marcaram uma nova ronda de conversações para um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza e troca de reféns para 15 de Agosto, esperando conseguir algum avanço. Este é considerado, no entanto, muito pouco provável, uma vez que, como escreveu Amos Harel no Haaretz, um factor continua imutável: a falta de disposição do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para chegar a acordo.

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