Angélica nadou no Sena e bebeu muita água: “Espero não apanhar nada”

A nadadora portuguesa ficou em 12.º nos 10km em águas abertas nos Jogos Olímpicos, melhorando em cinco posições a participação em Tóquio.

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Angélica André, nadadora portuguesa José Sena Goulão/ LUSA
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A limpeza do Sena era para ser um dos grandes legados dos Jogos Olímpicos de Paris e a realização de provas nas suas águas seria o maior testemunho desse feito. Só que, em vez de ser um triunfo, tem sido um pesadelo de relações-públicas porque as bactérias continuam na água e os atletas não podem evitar bebê-la – a equipa portuguesa de triatlo que o diga. Nesta quinta-feira, os Jogos Olímpicos voltaram ao Sena, para a prova feminina de 10 quilómetros em águas abertas, e 24 mulheres arriscaram infecções gastrointestinais por uma medalha olímpica. Angélica André foi uma delas.

Para a portuguesa, o risco acabaria por compensar, com um 12.º lugar e um primeiro objectivo cumprido, o de melhorar a sua participação em Tóquio – 17.º. E foi também a melhor participação portuguesa de sempre na maratona aquática, superando ainda as classificações de Daniela Inácio (17.º em Pequim 2008) e de Vânia Neves (24.º no Rio de Janeiro 2016). Esta primeira meta da nadadora portista seria a única possível de cumprir, depois de ficar bastante atrasada em relação às primeiras logo nos primeiros quilómetros.

Durante toda a prova, a sua melhor posição foi mesmo a final, mas andando sempre bastante longe de uma posição de pódio ou de um lugar entre as oito primeiras. A neerlandesa Sharon van Rouwendaal, campeã mundial em Doha numa prova onde a portuguesa foi terceira, acabou por ficar com o ouro (2h02m34s), superiorizando-se nos últimos metros à australiana Moesha Johnson e à italiana Ginevra Taddeucci. Angélica André chegou integrada num grupo numeroso, a 2m42,08s da vencedora.

“Foi uma prova em crescendo, na parte final foi sempre para fazer o melhor resultado. Queria vingar-me de Tóquio, e eu sabia que no final estavam ali boas nadadoras, nadadores que têm grande possibilidade de ser medalhadas - e já foram - e estar numa boa posição. Chegar ao fim e dar o tudo por tudo”, referiu a nadadora, para quem 2024 terá sido o melhor ano da carreira – sobretudo pela medalha de bronze nos Mundiais em Fevereiro passado.

Como todas as outras, a portuguesa teve de lidar com as correntes do Sena, nadando junto à margem sempre que possível. E, garantiu, até estava pior nos dias anteriores ao da prova. “Até esteve mais forte. [Hoje] ainda fecharam mais um bocado a barragem. O tempo em si não é muito importante, normalmente fazemos a prova em duas horas, aqui foi 2h05, 2h06, A corrente estava bastante forte e foi tentar gerir o esforço do princípio ao fim.”

Para além das correntes, claro, a qualidade da água era uma preocupação. Os possíveis efeitos só os irá sentir depois, mas a nadadora portuguesa tentou proteger-se o mais possível. “Tomámos as precauções necessárias. Bebi muita água, espero não apanhar nada. É esperar para ver”, assinalou a nadadora, frisando que os atletas não eram consultados pela organização sobre as condições da prova – apenas informados.

Fechado mais um ciclo olímpico, o seu segundo, a nadadora de Matosinhos já só pensa em férias. Mas depois, está pronta para mais um. “Agora, vou ter umas boas férias. Foi um ciclo curto, de três anos, mas com mudanças. Conquistei algo que nunca tinha conquistado na natação, principalmente nas águas abertas. Vou repousar e quando, recomeçar, virei com vontade de querer mais.”

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