Hospitais gastaram mais de 1116 milhões em medicamentos nos primeiros seis meses

Trata-se de um aumento de 12,5% relativamente ao primeiro semestre do ano passado. No que respeita ao mercado de ambulatório, a despesa dos utentes com medicamentos subiu 6,8%.

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A tendência de aumento da quota de utilização de medicamentos genéricos em meio ambulatório atingiu novo máximo de 52% em unidades dispensadas nas farmácias comunitárias Miguel Manso
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Os hospitais públicos gastaram mais de 1116 milhões de euros com medicamentos no primeiro semestre do ano, um aumento de 12,5% relativamente ao mesmo período do ano passado, quando esta despesa atingiu o valor mais alto da última década.

Segundo dados do Infarmed divulgados esta terça-feira, os hospitais gastaram mais 126,5 milhões de euros entre Janeiro e Junho deste ano do que no período homólogo. Em todo o ano passado, a despesa dos hospitais públicos com medicamentos atingiu os 1959 milhões de euros, o valor mais alto da última década.

O relatório de monitorização do mercado de medicamentos referente ao âmbito hospitalar indica que, por área de prestação, a consulta externa e produtos cedidos ao exterior foi a que teve maior peso na despesa (43,9%), com mais de 490 milhões de euros, uma subida de 11,6% relativamente ao período homólogo. Segue-se o hospital de dia, com uma despesa superior a 424 milhões, o internamento com mais de 96 milhões e o bloco operatório com mais de 17 milhões de euros.

A área de prestação onde mais subiu a despesa com medicamentos foi a dos cuidados de saúde primários, onde o valor aumentou mais de 300%, ultrapassando os 15 milhões de euros.

Por unidade de saúde, a Unidade Local de Saúde (ULS) de Santa Maria foi a que mais gastou em medicamentos no primeiro semestre do ano, com mais de 133 milhões de euros, seguida pela ULS de São José, com 99,2 milhões de euros, a ULS de Coimbra (98,7 milhões de euros) e a ULS de São João (83,9 milhões).

Por área terapêutica, a oncologia é a que assume o maior peso (33%), com uma despesa superior a 368 milhões de euros, uma subida de 16,6% relativamente ao primeiro semestre do ano passado, seguida da área do VIH, com mais de 121 milhões de euros. Por classe terapêutica, a dos medicamentos imunomoduladores, que actuam no sistema imunológico, foi a que teve maiores encargos (389,8 milhões de euros), seguida da dos citotóxicos, usados na oncologia para destruir células tumorais (137,2 milhões de euros).

Os dados do Infarmed indicam ainda que a utilização de medicamentos biossimilares em meio hospitalar atingiu os 77,5% no primeiro semestre do ano, o valor mais elevado registado em 2024. As substâncias activas Filgrastim, Infliximab e Bevacizumab ocuparam o top 3, ao atingirem quotas de utilização superiores a 90%.

Despesa dos utentes subiu 6,8%

No que respeita ao mercado de ambulatório, a despesa dos utentes com medicamentos subiu 6,8% no primeiro semestre do ano, ultrapassando os 454,5 milhões de euros, enquanto as comparticipações do SNS aumentaram 3,4%, atingindo os 818,1 milhões de euros.

Segundo o relatório, a classe terapêutica com maior encargo para o SNS foi a dos antidiabéticos, com uma despesa superior a 196,4 milhões de euros, um aumento de 9,2%. Depois surgem os anticoagulantes, com uma despesa de 77,4 milhões de euros, uma das poucas que baixou face ao período homólogo (-17,9%, menos), o mesmo acontecendo com os analgésicos estupefacientes, com os quais o SNS gastou 14,9 milhões de euros (-23,2%) entre Janeiro e Junho deste ano.

A substância activa com maior despesa foi a dapagliflozina, usada para o tratamento da diabetes tipo 2, onde o SNS gastou nos primeiros seis meses do ano mais de 36,7 milhões de euros, uma subida de 26,5% relativamente ao período homólogo.

Os dados indicam ainda que os utentes gastaram mais 28,9 milhões de euros (+6,8%) em medicamentos do que no primeiro semestre do ano passado, ultrapassando os 454,5 milhões de euros. Estes números vão no mesmo sentido do estudo divulgado no mês passado que indicava que Portugal é o terceiro país da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) em que a despesa directa das famílias com saúde é mais alta, com os idosos sujeitos a uma maior desprotecção financeira nesse tipo de gastos.

Segundo este estudo, realizado no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação La Caixa, o BPI e a Nova SBE, a despesa directa em saúde em Portugal é de 5,2% dos gastos totais das famílias, acima da média de 3% do conjunto dos países da OCDE e apenas superada pela Suíça (5,5%) e pela Coreia (6,1%).

A tendência de aumento da quota de utilização de medicamentos genéricos em meio ambulatório atingiu novo máximo de 52% em unidades dispensadas nas farmácias comunitárias, com os medicamentos anticoagulantes a serem a classe com maior contributo neste aumento.

Relativamente aos medicamentos não sujeitos a receita médica dispensados fora das farmácias, os dados mostram também um aumento de 14,3% no número de embalagens dispensadas face ao semestre homólogo. Os analgésicos e antipiréticos continuam a ser a classe terapêutica mais vendida.