Agate de Sousa falha final do comprimento em Paris

Na sua estreia em Jogos Olímpicos, a saltadora portuguesa ficou-se pelos 6,34m nas qualificações.

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Agate de Sousa, atleta portuguesa do salto em comprimento Fabrizio Bensch / REUTERS
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Agate de Sousa trouxe mais coisas para Paris do que as esperanças de uma boa classificação nos Jogos Olímpicos. Uma coisa invisível à vista desarmada, mas que a saltadora sentiu com intensidade durante a qualificação do comprimento na manhã desta terça-feira no Stade de France. Um toque que acontecera cinco dias antes deu uma renovada intensidade à lesão que a acompanhara nos últimos meses e, por isso, os saltos não saíram como ela queria. E a saltadora portuguesa não passou mais do que uma manhã na sua estreia olímpica.

A marca de qualificação (6,75m) era puxada, mas acessível para a portuguesa, integrada no Grupo A de qualificação, num total de 31 atletas para 12 posições de finalista. E, logo a abrir, se percebeu o que, logo depois, ela iria explicar: os saltos não estavam lá. Nulo por muito à primeira (chamada com 21 centímetros para lá da tábua), 6,34m à segunda, 6,27m à terceira. O seu melhor da qualificação deu para um 24.º lugar, a uma distância considerável da última das apuradas, a francesa Hilary Kpatcha (6,59m).

Só depois se percebeu o que se passou. Na zona mista, a saltadora portuguesa ainda conseguiu explicar a lesão, como a tentou minimizar e com se tentou motivar para a sua estreia olímpica. “Há um mês atrás estava à espera de melhor, de passar a qualificação logo ao primeiro salto. Há cinco dias, tive um toque no posterior, estivemos todos os dias a correr contra o tempo, o fisioterapeuta sempre à minha volta… Depois no dia antes da viagem, fiz uma ressonância, cheguei aqui voltei a fazer outra, estava a tentar dizer para mim, ‘estou bem, estou bem’, e ir até ao final”, foi o que conseguiu articular.

Depois, ainda começou outra frase. “[Um salto a] 6,34m, não sei se é engraçado, é uma marca que eu faço com…” E não a completou. Parou para tentar conter as lágrimas – foi ela própria que o disse, “Desculpem, estou a tentar não chorar.” E a pausa durou mais uns 20 segundos antes de retomar o filme da manhã. “Principalmente no segundo salto, senti uma dor muito forte, mas eu disse para mim própria, ‘Vai, vai Agate’.”

“Se eu tivesse feito, imaginem, 6,60m e não desse para passar à final, estaria mais triste do que estou agora. Tenho a certeza que poderia fazer melhor se não fosse o toque que eu tive. O ano todo foi assim, a gerir. A medalha no Europeu foi para mim uma surpresa. Seria muito bom para mim passar à final dos Jogos Olímpicos, porque este tem sido um ano difícil”, concluiu a atleta natural de São Tomé que compete por Portugal desde Maio deste ano.

Quando o PÚBLICO falou com a saltadora há pouco menos de um mês, ainda estava a recuperar as boas sensações de salto, ao mesmo tempo que lidava com uma lesão do joelho, bem presente durante os Europeus de Roma, onde conquistara uma medalha de bronze com um salto a 6,91m. O tal toque sofrido há cinco dias acabaria por lhe limitar as capacidades que vem demonstrando há vários anos e que a colocam no mesmo caminho de outra grande saltadora portuguesa que também veio de São Tomé e Príncipe, Naide Gomes.

Aproveitamos para completar aquela frase que ficou em aberto. O que foi o seu melhor em Paris, os tais 6,34m, é algo que ela já não fazia há quatro anos, quando veio de São Tomé para Portugal estudar e praticar atletismo. Em 2019, tinha como melhor marca 6,08m, quase menos um metro do que é o seu recorde pessoal, 7,03m. É isto que Agate de Sousa salta, não o que saltou em Paris.

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