Portugal fica à beira do pódio no triatlo em Paris

Quarteto português terminou em quinto lugar na prova de estafeta mista nos Jogos Olímpicos.

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Os portugueses Vasco Vilaça, Maria Tomé, Ricardo Batista e Melanie Santos após a prova de triatlo no Jogos Olímpicos de Paris,Os portugueses Vasco Vilaça, Maria Tomé, Ricardo Batista e Melanie Santos após a prova de triatlo no Jogos Olímpicos de Paris HUGO DELGADO / LUSA,HUGO DELGADO / LUSA
Vasco Vilaça fez o terceiro percurso da estafeta portuguesa
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Vasco Vilaça fez o terceiro percurso da estafeta portuguesa Albert Gea / REUTERS
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Não foi um detalhe que fez a diferença entre o que aconteceu (diploma) e o que podia ter acontecido (medalha). A certa altura, os quatro portugueses que participaram na prova de estafeta mista do triatlo olímpico em Paris pensaram no pódio, mas a diferença para o vencedor, disse um deles, Vasco Vilaça, não foi apenas um detalhe. “Não houve detalhe nenhum que nos tenha deixado fora das medalhas”, explicou o triatleta português. “Não passa por um detalhe, passa por trabalho que vai demorar quatro anos. Um detalhe é uma coisa de 0,01s e o tempo que tínhamos de diferença é tempo de trabalho de tudo.”

Depois das boas indicações nas provas individuais, Portugal voltou a cheirar as medalhas no triatlo olímpico, terminando em quinto lugar, a 1m27s do vencedor, a Alemanha – EUA e Grã-Bretanha discutiram as outras medalhas numa chegada em “photo-finish” que deu a prata aos norte-americanos e o bronze aos britânicos. Entre o pódio e a equipa portuguesa ainda ficou a França, que sofreu um percalço no primeiro percurso, mas conseguiu recuperar até ao quarto lugar.

O quinto lugar na estafeta foi o terceiro diploma em Paris para o triatlo português, depois do 5.º lugar de Vasco Vilaça e do 6.º de Ricardo Batista na prova individual masculina – e Maria Tomé também teve um bom 11.º na prova feminina. Por igualar fica o feito de Vanessa Fernandes em Pequim 2008, um segundo lugar que deu a única medalha de prata a Portugal no triatlo olímpico, um dos pontos altos de uma carreira que inspirou esta nova geração.

“Ela é o nosso ídolo, sem ela não estávamos cá, não havia esta estafeta. Vi que ela própria tinha deixado palavras de agradecimento, e que até chorou, isso mexe muito connosco, não estamos à espera que ela se comovesse”, comentou Vasco Vilaça no final da prova.

"O sonho"

Apesar das muitas dúvidas sobre a qualidade da água no Sena, que provocou baixas de última hora em algumas equipas, a estafeta mista avançou na hora marcada, 8h da manhã. Ricardo Batista foi o primeiro a mergulhar para os 300 metros de natação, mas teve de cumprir uma penalização assim que saiu da água. Conseguiu recuperar esse tempo perdido com o melhor segmento de ciclismo (8km) entre os que faziam a primeira manga.

Depois da corrida de 2km, Batista passou a “batata” a Melanie Santos, que manteve Portugal entre os oito primeiros, antes de Vilaça entrar na prova. O triatleta ganhou várias posições na natação e passou o ciclismo e a corrida no grupo dos terceiros, ganhando um pequeno avanço para Maria Tomé entrar no último percurso em posição de pódio, com uma ligeira vantagem sobre os EUA.

Mas a jovem atleta portuguesa acabou por ceder perante a sua adversária norte-americana e ainda foi ultrapassada pela francesa, acabando por terminar em quinto. Não foi medalha, mas foi diploma para todos, uma posição mais do que honrosa para a estreia portuguesa nesta prova de estafeta. Todos reconheceram o brilhantismo da prestação, mas admitem que esperavam mais. “Saímos bastante satisfeitos. Andámos a rodar pelos rodares do pódio e a meio eu já acreditava numa medalha”, admitiu Ricardo Batista.

O plano foi pensado em função do que os quatro portugueses tinham feito nas provas individuais. “Depois da minha prova e do Ricardo terem sido tão juntas, não fazia diferença mudar as nossas posições. Nas raparigas, a Melanie tem uma natação muito forte e consegue manter-se em contacto, a Maria tem uma corrida muito forte, para que no final, se estivéssemos a lutar pelo diploma ou pela medalha, ela conseguisse dar tudo por tudo nos últimos 100 metros”, revelou Vilaça.

Agora, o plano é continuar para Los Angeles, com estes, ou com outros. Mas esta equipa que esteve em Paris tem futuro. Batista e Tomé têm 23 anos, Vilaça tem 24 e Santos tem 29. Todos têm, pelo menos, mais um ciclo olímpico nas pernas e os quatro anos de trabalho começam agora para que o sonho continue, como disse Vasco Vilaça: “São sonhos, e os sonhos vão continuar. Tenho a certeza que em Los Angeles, o triatlo vai continuar a sonhar.”

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