De Beyoncé e sua mãe a Joan Baez e Lil Nas X, são muitos os músicos que apoiam Kamala Harris

A lista é tão variada quanto criativa, com as comunidades de fãs dos Grateful Dead ou de Taylor Swift a organizarem-se em torno da candidatura da vice-presidente dos Estados Unidos à Casa Branca.

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Megan Thee Stallion actuou no comício de Kamala Harris em Atlanta, na Georgia a 30 de Julho Dustin Chambers/REUTERS
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A vice-presidente dos Estados Unidos Kamala Harris está a receber apoios galvanizadores e plenos de diversidade na sua candidatura pelo Partido Democrata à Casa Branca. De Charli XCX aos seguidores das lendas do rock Grateful Dead, passando por dezenas de milhares de fãs de Taylor Swift, a opositora de Donald Trump está num tal crescendo que até Beyoncé autorizou o uso do seu tema Freedom, do álbum-charneira Lemonade, na campanha. Joan Baez, Questlove, Olivia Rodrigo ou Lil Nas X são outros dos seus apoiantes.

Entre as primeiras a entrar no comboio de apoio à possível nomeação de Kamala Harris pelos democratas estão Lizzo, Ariana Grande, ou Demi Lovato — as duas últimas republicaram o vídeo de apoio de Biden à sua vice e Lovato encorajou os cidadãos a registarem-se para votar em Novembro. Já Charlie XCX, acabada de lançar o novo álbum Brat, viu o tema (e o verde fluorescente da capa do álbum) associado às imagens de Kamala Harris partilhadas nas redes sociais e deu-lhe o seu selo de aprovação, “Kamala IS a brat”, para gáudio dos gestores das redes sociais da campanha, que usaram imediatamente o trunfo.

As redes sociais têm sido um terreno particularmente fértil para Harris. O seu riso e as suas frases emblemáticas ou muito repetidas (o amor por diagramas Venn, ou o dito lapidar da mãe: “Achas que acabaste de cair de um coqueiro”) rivalizam por estes dias com os memes a arrasar o candidato republicano à vice-presidência, J.D. Vance — que se tornou um alvo devido às suas tiradas menos inofensivas sobre mulheres sem filhos ou aos rumores falsos de relações sexuais com um sofá. Katy Perry, que regressou à música após um hiato de três anos, fez uma montagem em que mistura o seu novo tema Woman's world com a frase do coqueiro.

Ainda no feminino, a rapper Megan Thee Stallion esteve esta semana num comício de Kamala Harris; Quavo, dos Migos, comparecera já (e tomando a palavra) no primeiro comício da vice-presidente. Também Cardi B ou Olivia Rodrigo engrossaram as fileiras de apoiantes da democrata, a primeira recordando ter defendido desde a primeira hora que a vice-presidente fosse a candidata do partido, a segunda frisando a importância da defesa dos direitos reprodutivos nos Estados Unidos.

Mas uma das entradas mais decisivas na campanha será a de Beyoncé. São raras as autorizações dadas pela cantora para utilização de temas seus e até a sua própria mãe, Tina Knowles, foi ao Instagram apoiar Kamala Harris. A cedência de Freedom é particularmente simbólica: não só se trata de um dos temas de Lemonade, o álbum que coincidiu com o movimento #BlackLivesMatter e que originou a piada muito séria do programa Saturday Night Live que decretava que finalmente a América tinha descoberto que Beyoncé é negra, como também foi interpretado por Beyoncé e Kendrick Lamar, rapper de mensagem sobre a negritude galardoado com um Pulitzer, nuns incendiários prémios BET, em 2016. Como assinalava na sexta-feira o New York Times, depois de Donald Trump ter posto em causa a ascendência e a etnia de Kamala Harris, este gesto reveste-se de maior significado.

“Para estes músicos, as políticas de identidade em geral, e da negritude em particular, não são fonte de ansiedade ou alienação, mas antes um modelo para novas coligações multirraciais”, escreve a crítica Salamishah Tillet, docente na Universidade Rutgers, com especialização em perspectiva negra nas artes, e também ela galardoada com um prémio Pulitzer.

Lil Nas X e Moby oficializaram igualmente a sua adesão à candidatura de Kamala Harris na rede social X e Questlove deixou uma mensagem longa e emotiva no Instagram sobre o seu “inequívoco apoio”. Na mesma rede, Joan Baez, lenda folk, mudou a letra de America the beautiful para mostrar o apoio à candidata e aos democratas. Janelle Monáe e John Legend engrossam a lista de apoiantes.

Em breve, serão os fãs dos Grateful Dead, banda de culto nascida em 1965, a juntar-se-lhes. Os “Deadheads” vão reunir-se via Zoom no próximo dia 13 com a participação já confirmada do advogado e activista conservador George Conway, crítico de Trump, ou do actor Mandy Patinkin. Têm o apoio do Partido Democrata. E também a veterana Carole King escreveu no Instagram, partilhando uma fotografia com Kamala Harris: “Pessoa certa. Altura certa.”

Por fim, mas não por último, dada a importância tectónica dos fãs de Taylor Swift, em poucos dias o grupo de incentivo ao voto Swifties for Kamala já soma mais de 180 mil seguidores nas suas contas dispersas pelas várias redes sociais. “Se não queremos que a democracia desapareça, temos de mobilizar e incentivar o voto azul”, disse ao site The Cut a fundadora da iniciativa, Emerald Medrano, de 22 anos. A cantora ainda não se manifestou sobre as próximas eleições, mas em 2020 apoiou Joe Biden.

Do lado de Trump, sabe-se apenas que os seus já conhecidos fãs na área da música são Kid Rock e a estrela country Jason Aldean, por exemplo.

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