Gilles Kepel: “Netanyahu fingiu negociar enquanto Biden ainda era poderoso”

À medida que a mortandade sobe em Gaza, a nuvem de uma guerra regional alargada paira sobre o Médio Oriente. Para Gilles Kepel, “reconhecer um estado palestiniano será a única saída para o conflito”.

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Gilles Kepel é um cientista político especializado no Médio Oriente Leonardo Cendamo/Getty Images
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“Dois holocaustos encarnam a maldição da Terra Santa desde o Outono de 2023”, escreve Giles Kepel no prólogo do seu livro mais recente, precisamente chamado Holocaustos, lançado em Portugal há duas semanas. O académico, cientista político e arabista refere-se ao “pogrom cometido pelo Hamas” e à “hecatombe de Gaza”. Nesta entrevista, Kepel afirma que “o Hamas não calculou as consequências do ataque de 7 de Outubro para a população palestiniana” e que Benjamin Netanyahu “acreditou, erradamente”, que, se o Hamas enriquecesse com esta “economia cinzenta”, iria “ladrar, mas não morder”. No fundo, o primeiro-ministro de Israel pensou que, se existem “duas palestinas”, com líderes que se odiavam e lutavam entre si, “já não seria obrigado a reconhecer qualquer Estado palestiniano”. “Mas essa”, conclui, “será a única saída” para o actual conflito.

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