Dinis Sousa é o “jovem maestro” preferido dos críticos britânicos

O maestro português, nota o Critics Circle, vincou “as suas credenciais na música antiga com interpretações de Handel em Londres e Nova Iorque” e prosseguiu o “excelente trabalho” com a Orquestra XII.

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Dinis Sousa é o actual maestro principal da Royal Northern Sinfonia Sim Canetty-Clark/DR
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Os críticos e jornalistas de cultura mais experientes do Reino Unido e da Irlanda atribuíram ao maestro português Dinis Sousa o Critics Circle Young Conductor Award, prémio destinado a celebrar talentos emergentes na área da direcção musical. O prémio coroa o trabalho que desenvolveu em 2023 — um “notável ano de inovação” para o fundador da Orquestra XXI e maestro principal da Royal Northern Sinfonia, formação de câmara sediada em Gateshead, na Inglaterra.

“[O ano de ] 2023 deu a Dinis Sousa a sua grande oportunidade e ele aproveitou-a ao máximo”, elogia a associação de críticos no comunicado de atribuição do prémio, datado de quarta-feira.

“Aos 18 anos, Dinis Sousa veio do seu país natal, Portugal, para Londres, no intuito de estudar cinema, mas rapidamente mudou para os estudos de piano na Guildhall School. Em breve estava a organizar concertos e a dirigir”, recorda a associação. A cotação internacional do maestro português seguiu um percurso ascendente, marcado pela chegada ao cargo de maestro assistente de Sir John Eliot Gardiner em formações como os English Baroque Soloists, a Orchestre Révolutionnaire et Romantique e o Monteverdi Choir.

A carreira de Dinis Sousa atingiu um novo píncaro em 2021, quando se tornou maestro principal da Royal Northern Sinfonia. Foi ali, no ano passado, que Sousa “agarrou a oportunidade com ambas as mãos, dirigindo Os Troianos em Londres, Salzburgo e Berlim”, descrevem os críticos para sustentar a sua escolha. "Sousa foi electrizante em momentos de grandeza, drama e intensidade emocional", citam a partir da crítica do diário britânico The Guardian.

Dinis Sousa mantém ligação estreita a Portugal e à música clássica portuguesa através da Orquestra XXI, que ajudou a fundar em 2013, e que reúne jovens músicos portugueses a residir no estrangeiro em digressões pelo país onde podem mostrar o seu trabalho e as suas experiências internacionais — uma formação sempre em mutação, com um núcleo central mais ou menos fixo e centenas de músicos diferentes a entrarem todos os anos, sem audições, numa base de voluntarismo. A instituição, que desenvolve também estágios com jovens aprendizes, deu-lhe o título de Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique.

“Acho que conseguimos ter um som próprio, que resulta de um trabalho intenso para o qual contribuem os músicos que estão connosco há mais tempo. É também um projecto que marcou muito as nossas vidas em termos emocionais, muitas amizades foram criadas na Orquestra XXI”, dizia ao PÚBLICO em 2023 — ano em que a formação perdeu o apoio sustentado da Direcção-Geral das Artes, na sequência das alterações na fórmula de atribuição de apoios determinada pelo então ministro da Cultura Pedro Adão e Silva.

A sua experiência internacional estende-se a palcos de grande visibilidade como os BBC Proms, por exemplo, nos quais esteve no ano passado em substituição de Gardiner na direcção de Os Troianos, de Berlioz — após uma agressão daquele seu mentor, e referência incontornável da direcção musical, ao baixista William Thomas, por este ter saído do palco pelo lado errado numa interpretação da mesma ópera, mas em França.

Em 2023, para de novo citar o comunicado dos críticos britânicos e irlandeses, “sublinhou as suas credenciais na música antiga com interpretações de Handel em Londres e Nova Iorque, e continuou o excelente trabalho com a sua própria orquestra de emigrantes portugueses, a Orquestra XXI”. O maestro português, enfatizam, "tem o toque mais seguro tanto para o detalhe quanto para a grande amplitude de uma partitura, e traz sempre uma sensação eléctrica de excitação e dramatismo à sua direcção”.

A Orquestra XXI, por seu turno, recorda em comunicado a propósito do prémio que Dinis Sousa se estreou na última temporada no Carnegie Hall de Nova Iorque, na Berliner Philharmoniker, no Festival de Salzburgo e na Philharmonie de Paris, dirigindo orquestras como a Royal Concertgebouw, dos Países Baixos ou a Swedish Radio Symphony Orchestra.

Além de Dinis Sousa, a secção de Música do círculo de críticos premiou ainda Alim Beisembayev como jovem talento do piano, Johan Dalene como jovem talento na área do instrumento (violino e cordas), Francesca Chiejina como intérprete vocal e a ópera Il Trittico, de Puccini, pela Scottish Opera — destacando-se a decisão de a levar ao palco numa altura de “graves desafios financeiros para todas as grandes companhias britânicas” e pela primeira vez na Escócia desde 1957.

Notícia corrigida às 16h31: data de nomeação para cargo de director da Royal Northern Sinfonia e informação sobre substituição de Gardiner nos BBC Proms

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