Diogo Ribeiro e as lições que aprendeu: “Estava a pensar nos outros”

Nadador português não passou das meias-finais dos 50m livres, mas já pensa no que pode fazer na sua distância favorita, os 100m mariposa.

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Diogo Ribeiro falha a final dos 50m CHRISTIAN BRUNA / EPA
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Uma meia-final na natação olímpica é sempre um momento especial para o desporto português, pela raridade com que acontece. Para Diogo Ribeiro, estar numa meia-final já não é suficiente. Depois de uma qualificação tranquila na manhã, o nadador português passou para a sessão da noite, para disputar um lugar na final dos 50m livres e ficou muito longe dessa meta. Fez o pior tempo entre as duas séries (22,01s) e bem longe do seu recorde nacional (21,87s). Mas aprendeu uma lição que lhe vai seguir para o que ainda tem de fazer nestes Jogos Olímpicos de Paris.

Foi assim que começou e acabou a conversa com os jornalistas após ter saído da piscina olímpica do Arena La Defense. “Estava a pensar nos outros. Quando é assim, a prova nunca vem bem”, foi como começou. “Não perdi nada e ganhei uma lição: preocupar-me com a minha prova e não me preocupar com o que os outros estão a fazer”, foi como se despediu na zona mista.

E foi um pouco isso que mostrou antes de mergulhar para a segunda de duas séries nestas “meias” da prova mais rápida da natação. O português estava alocado à pista um e parecia estar a absorver o ambiente e a olhar para os que estavam nas outras pistas – os outros, ficaram sentados e olhar para baixo antes de todos serem chamados aos blocos de partida. Pouco mais de 20 segundos depois, todos chegaram quase ao mesmo tempo, mas aqui as diferenças fazem-se por centésimos – e Diogo Ribeiro fez demasiados centésimos para pensar na final.

O seu tempo foi consideravelmente pior do que tinha feito nas eliminatórias da manhã (21,91s, 1.º da sua série), onde também estivera o seu colega de treino e de clube Miguel Nascimento (que fora sexto na sua série, com 22,49s, 36.º entre os inscritos). Para chegar à final, o nadador de Coimbra teria de bater o seu recorde – o corte fez-se aos 22,64s do francês Florent Manaudou. Talvez Ribeiro não esperasse chegar à final, mas não deixou de sentir um certo amargo de boca com o que mostrou.

“É a minha primeira vez nos Jogos e estar a nadar à tarde, sempre foi um sonho para mim. Mas não vou mentir, gostava de nadar amanhã a final, como é óbvio”, reconheceu, voltando a falar do valor que é ganhar experiência em ambientes que não conhecia: “É experiência, nunca se perde nada. [Nadar na pista um] qualquer pista é uma pista qualquer pista pode dar vitoria, é igual.”

Aos 19 anos, Diogo Ribeiro já não é um nadador para estar nos Jogos Olímpicos, nadar, fazer um bom tempo e ir embora. E não estar nas decisões, sente-se nas suas palavras, não está de acordo com a sua natureza – e não esquecer que ele é bicampeão mundial. “Qualquer pessoa que ganha um Campeonato do Mundo muda alguma coisa, não sei se para melhor ou para pior, mas cabe-nos a nós, dentro da nossa equipa ver o que está a correr mal. Eu é que estou chateado comigo mesmo. Tenho dado provas que tenho dado o melhor de mim, fica o sabor amargo. Tenho mais uma prova e tenho de esquecer o que se passou aqui hoje.”

É toda esta experiência que Diogo Ribeiro quer usar quando avançar para as eliminatórias dos 100m mariposa, já na manhã desta sexta-feira. Esta é “a” sua prova, uma distância em que foi campeão mundial no Qatar há poucos meses e em que tem possibilidades reais de se qualificar para uma final olímpica – algo que não acontece na natação portuguesa desde que Alexandre Yokochi foi à corrida das medalhas nos 200m bruços em Los Angeles 1984.

“É um estilo diferente. Só tenho nadado crawl até agora e vamos ver o que pode sair dali”, referiu Diogo Ribeiro, que nunca escondeu a sua preferência pela mariposa – também é campeão mundial dos 50m mariposa, que não é uma prova olímpica. Depois, de novo na sessão da noite, encaixadas entre as finais, as “meias” e aí veremos as lições que Diogo Ribeiro aprendeu.

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