Daniel Wiffen, da “Guerra dos Tronos” ao ouro olímpico

Nasceu em Inglaterra e, nos Jogos da Commonwealth, compete pela Irlanda do Norte. Mas tudo o que seja nos Jogos Olímpicos é para a Irlanda.

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Daniel Wiffen,Daniel Wiffen MAST IRHAM / EPA,MAST IRHAM / EPA
Daniel Wiffen, nadador da República da Irlanda
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Daniel Wiffen, nadador da República da Irlanda Ueslei Marcelino / REUTERS
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Irlanda do Norte e República da Irlanda são duas partes da mesma ilha, separadas por muita coisa, desde o tipo de governo, moeda e religião. Os do norte não têm autonomia desportiva (a não ser no râguebi e no futebol), os do sul têm equipas próprias, incluindo nos Jogos de Paris, e, por isso, têm direito a reclamar como sua a medalha de ouro conquistada, nesta terça-feira, por Daniel Wiffen nos 800m livres em mais um dia da natação olímpica nos Jogos de Paris 2024.

Por que razão é que fizemos esta introdução? Wiffen (e o irmão gémeo, que também é nadador) nasceu em Inglaterra, viveu na Irlanda do Norte, mas representa a República da Irlanda em tudo o que não sejam os Jogos da Commonwealth.

No La Defénse Arena, o irlandês teve de investir energia nos últimos metros para bater o norte-americano Bobby Finke – fez 7m38,19s, menos 0,59s que Finke, campeão em Tóquio, enquanto o italiano Gregorio Paltrinieri, que liderava na última viragem, ficou com o bronze. É a primeira medalha para o irlandês nestes Jogos Olímpicos de Paris, mas pode bem ser a primeira de três.

Apesar de ter desistido de participar nos 400m livres, o irlandês ainda vai participar na prova mais longa em piscina (1500m) e na prova de águas abertas (10km), seja ela onde for.

Wiffen é alguém que tem várias nacionalidades, mas viu-se bem no pódio de Paris a emoção que foi chegar ao título com a família a ver. Mas podia ter sido ainda mais emocionante se tivesse tido o irmão gémeo Nathan na piscina ao seu lado – eles nadam as mesmas distâncias e Nathan falhou a qualificação para Paris por pouco. E a natação, claro, não é a única coisa que fazem juntos – quando eram mais novos entraram, com a irmã mais velha, como figurantes dos mais famosos episódios da “Guerra dos Tronos”, o “Casamento Vermelho”, mas, como eram muito novos, os pais não os deixavam ver a série.

O triunfo do irlandês em Paris não será propriamente uma surpresa. Afinal, ele já era campeão mundial da distância (e dos 1500m) em Doha 2024, mas este duplo triunfo foi, de certa forma, desvalorizado por alguma concorrência que optou por abdicar desses Mundiais no Qatar para se prepara para os Jogos. A verdade é que o irlandês de 23 anos deu um salto de gigante desde Tóquio, onde se tinha ficado pelas meias-finais com 7m51,65s – mais 13 segundos do que fez agora em Paris.

Britânicos seguram o trono

Durante quase um século, os norte-americanos dominaram a prova de 4x200m estilos, mas perderam a coroa em Tóquio para os britânicos e essa hierarquia manteve-se em Paris. Foi uma exibição categórica do Team GB com James Guy, Tom Dean, Matthew Richards e Ducan Scott, um domínio que se acentuou nos dois últimos percursos e ao qual os norte-americanos não conseguiram responder. Ouro, então, para os britânicos, com 6m59,43s, prata para os EUA (a 1,35s) e bronze para a Austrália (a 2m55s).

Na final dos 100m costas femininos, Kaylee McKeonwn deu mais uma medalha de ouro na natação à Austrália – é a quarta, enquanto os EUA continuam com apenas duas. Numa final de pares (duas australianas, duas americanas, duas canadianas e duas francesas), McKeonwn repetiu o triunfo de Tóquio, com 55,33s (novo recorde olímpico), deixando para trás as duas norte-americanas, Regan Smith (a 0,33s) e Katharine Berkoff (a 0,65s).

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