“Uma voz fundamental na renovação do fado”: reacções à morte de Mísia

Ministra da Cultura, primeiro-ministro e Sérgio Godinho, entre outros, prestam tributo à cantora falecida este sábado, aos 69 anos.

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Mísia num concerto no Teatro São Luiz, Lisboa, 2019 Nuno Ferreira Santos
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“Uma intrépida na vida e na criação”: é assim que o músico Sérgio Godinho recorda a cantora Mísia, num texto publicado nas redes sociais em que presta tributo à fadista que morreu este sábado, aos 69 anos, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa — a artista nascida Susana Maria Alfonso de Aguiar encontrava-se internada há mais de uma semana, devido a mais uma complicação decorrente de uma batalha contra o cancro que já travava desde 2016.

“A morte espreita-nos sempre da esquina da rua. E no caso dela entrava como se fosse da casa. Muito ela lutou contra o grande mal, de várias formas. Mas fale-se da vida dela, e sobretudo da sua ousadia permanente”, escreve Godinho, que na sua primeira colaboração com Mísia compôs para ela Liberdades poéticas, canção que se tornaria uma das mais notadas do repertório da cantora. “Fiz outras canções para ela — um Fado triplicado que muito lhe agradou e uma letra para um tema de Carlos Paredes. Interpelava-me muitas vezes, queria mais. Era intrépida pela forma como se atirava a novos projectos, muitas vezes de figurinos distintos, sem medo de errar, de ‘fazer diferente’”, recorda o autor de temas indispensáveis do cancioneiro português como O primeiro dia, A noite passada ou Com um brilhozinho nos olhos.​

Dalila Rodrigues, ministra da Cultura, descreveu Mísia como “uma voz fundamental na renovação do fado”, destacando, tal como Sérgio Godinho, a forma como a cantora não tinha “receio de experimentar novas sonoridades e abordagens menos convencionais”. “Prova da forma como granjeou o reconhecimento dos seus pares, deixa-nos uma vasta lista de colaborações com músicos de todo o mundo, que demonstra a sua versatilidade e o seu talento”, acrescentou na nota de pesar enviada à comunicação social.

Um dos colaboradores da fadista, proveniente de um mundo musical distinto, foi Paulo Furtado, ou The Legendary Tigerman. Os dois contracenam em Só nós dois, canção integrante de Delikatessen, Café Concerto, disco lançado por Mísia em 2013. “Querida Mísia, a vida é demasiado breve. A arte quase nos salva, mas na realidade às vezes não chega lá”, escreveu o músico no Instagram, numa story (publicação efémera que após 24 horas deixa de ser visível), após ter subido ao palco do festival Rock no Rio Febras. “Hoje toquei a pensar em ti, fundamentalmente. Soube bem.”

A fadista Carminho e os Dead Combo, grupo que também colaborou com Mísia, também recorreram às stories no Instagram para se despedir da artista. A brasileira Adriana Calcanhotto, por seu turno, montou uma publicação com duas fotografias em que as duas cantoras surgem juntas em palco. “Já fazes falta. Descansa”, escreveu.

Numa publicação no X (ex-Twitter), o primeiro-ministro Luís Montenegro escreveu que “Mísia, com um estilo inconfundível, deu uma enorme projecção internacional ao fado”. “Trouxe-lhe novos e grandes poetas e dialogou com outras músicas e artes de modo notável. Uma grande perda para a família, os amigos e Portugal.”

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