Empresa metropolitana de transportes do Porto só deve arrancar em Setembro

Órgão que vai tomar conta da Unir e da bilhética na região teve luz verde do Tribunal de Contas em Abril, mas ainda espera que Área Metropolitana do Porto nomeie administração para avançar.

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Área Metropolitana do Porto adiou nomeação da administração para que processo não fosse "contaminado" pela campanha para as eleições europeias, diz Eduardo Vítor Rodrigues. Nelson Garrido
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A operação dos autocarros da Unir arrancou em Dezembro de 2023, entre falta de veículos, horários incompletos, atrasos e uma chuva de críticas dos passageiros da Área Metropolitana do Porto (AMP). Meses depois, continua por sair do papel a anunciada empresa metropolitana de transportes, a estrutura que dará músculo à marca Unir.

Apesar de a empresa ter luz verde do Tribunal de Contas (TdC) desde Abril deste ano, a administração ainda não foi nomeada e, no Conselho Metropolitano desta sexta-feira (o último antes das férias), nenhum autarca tocou no assunto. No final da reunião, aos jornalistas, o presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues, explicou que já há nomes em cima da mesa e que as nomeações deverão acontecer na primeira quinzena de Setembro, fazendo com que a empresa possa, finalmente, começar a trabalhar.

É que depois do visto do TdC, justificou o também autarca de Vila Nova de Gaia, decorreu o período de campanha para as eleições europeias. Como os nomes estavam a ser discutidos entre os partidos e houve mesmo um autarca da região que foi eleito eurodeputado (Sérgio Humberto, da Trofa, pelo PSD), houve um “um interregno nesse processo negocial”. O objectivo, disse, era “não contaminar as discussões com o calendário eleitoral”.

Assim, a nomeação dos três administradores da empresa que vai absorver os Transportes Intermodais do Porto (TIP), que gere a bilhética da região (o Andante, que abrange metro, STCP, Unir e Andante), terá de esperar pela primeira metade de Setembro. O primeiro Conselho Metropolitano depois da pausa de Agosto, logo no dia três de Setembro, deverá contar com a presença do ministro das Infra-Estruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, anunciou Eduardo Vítor Rodrigues, pelo que o assunto não entra na agenda.

De acordo com o autarca socialista, deverá ser convocado uma nova reunião para aprovação da administração. Apesar de já haver nomes em discussão, o responsável não quis dizer quais são.

Numa primeira fase, a empresa, cuja estrutura prevê 60 trabalhadores, deverá começar a operar com alocação de pessoas da AMP e dos municípios, disse, uma vez que esperar por contratação pública significaria novo adiamento de meses. Este organismo permitirá também levar a cabo um trabalho de fiscalização dos transportes que, com os números reduzidos da equipa de mobilidade da AMP, não é possível fazer.

A confirmar-se, a criação da empresa avança pouco menos de um ano depois de esta ter sido aprovada por unanimidade pelos 17 municípios da AMP, em Novembro de 2023, mais de quatro anos depois do lançamento do concurso para a aquisição do serviço público de transporte rodoviário de passageiros no grande Porto.

Na verdade, Eduardo Vítor Rodrigues defendeu que a empresa fosse montada antes de se iniciar a operação da Unir, mas não foi esse o entendimento da maioria dos autarcas da AMP . A estrutura só avançou depois. “A empresa metropolitana era um instrumento para que tudo corresse bem no arranque da operação”, lamentou.

Ao contrário do Porto, na grande Lisboa, a empresa de transportes foi criada antes do arranque da operação, o que não evitou percalços nem queixas.

Horários e reclamações

Enquanto a Unir funciona sem a estrutura que lhe serve de chapéu, continuam a surgir queixas sobre o serviço dos cinco lotes nos quais foi dividida a operação. Há dúvidas sobre horários e câmaras a publicar tabelas que não coincidem com a informação disponibilizada no site da Unir.

Eduardo Vítor Rodrigues diz que, ao contrário do que acontecia com os antigos operadores, na Unir não há horários de Verão. Ou seja, na generalidade dos casos, “não há alterações”, diz o autarca.

No entanto, reconhece que “houve falta de comunicação” entre os municípios e a AMP. Isto porque casos houve em que “determinada linha foi pensada e concebida como transporte escolar”. Nessas situações, “foram os municípios que pediram a suspensão da linha” durante as férias escolares e avançaram para a publicação dos horários nas suas páginas, na internet, sem se coordenarem com a AMP, explica o autarca.

Apesar de todos as questões reportadas pelos utilizadores, o presidente diz que os problemas “vão-se resolvendo” e que o serviço “está a melhorar gradualmente”. Não há uma linha centralizada para apresentação de reclamações ou dúvidas que, na falta de uma empresa comum, vão sendo apresentadas às transportadoras de cada lote ou às autarquias. Mas o autarca diz que, também neste ponto, as coisas estão a evoluir. E dá o exemplo de Vila Nova de Gaia: no seu pico, havia 200 reclamações por dia; na última semana, houve uma média de três reclamações por dia.

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