Não deem tréguas políticas aos Jogos

Que os Jogos comecem, mas não ignoremos os jogos de poder que decorrem em simultâneo.

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A história das Olimpíadas modernas é política. Os primeiros Jogos realizaram-se em Atenas, no final do século XIX, também como celebração da independência do Império Otomano. Não passariam muitos anos até que, em Berlim, os Jogos se transformassem numa encenação grandiloquente do nazismo (com a cerimónia de abertura a envolver dez mil bailarinos e um coro de três mil vozes). Logo depois da guerra, as Olimpíadas de Londres foram um momento de afirmação dos aliados, excluindo atletas alemães e japoneses e com a autoexclusão da União Soviética. Na década de 60, os Jogos foram instrumentais para legitimar a democracia musculada no México, o que aconteceria mais tarde, de novo, em Seul. Em plena Guerra Fria, Moscovo e Los Angeles foram a materialização desportiva de um mundo às avessas. Mais recentemente, Pequim recebeu as Olimpíadas para credibilizar a sua imagem como potência global. Já em Sóchi, ficou anunciada a brutal afirmação geopolítica da Rússia de hoje, que, pelo caminho, montou um esquema de doping de Estado.

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