Detectado um “super-Júpiter” que demora mais de um século a dar a volta à sua estrela
Planeta identificado por equipa de cientistas da Alemanha pode demorar até 250 anos a dar a volta à sua estrela. Mesmo a mais de 12 anos-luz da Terra, podemos observar este planeta no hemisfério Sul.
Um “super-Júpiter” foi avistado em torno de uma estrela vizinha pelo telescópio espacial James Webb, revelou esta quarta-feira uma equipa de cientistas alemã, acrescentando que o planeta tem também uma “super-órbita” – ou seja, bem mais longo do que os 365 dias que demora a Terra a circundar o Sol.
O planeta tem aproximadamente o mesmo diâmetro que Júpiter, mas a sua massa é seis vezes maior. A sua atmosfera é também rica em hidrogénio, tal como a de Júpiter. A grande diferença é que este planeta demora mais de um século, possivelmente até 250 anos, a dar uma volta em torno da sua estrela. A distância é 15 vezes maior para a sua estrela do que da Terra ao Sol.
Os cientistas já suspeitavam há muito tempo de que um grande planeta orbitava esta estrela a 12 anos-luz de distância da Terra, mas não sabiam que seria tão maciço ou tão distante da sua estrela. Um ano-luz tem cerca de 9,46 biliões de quilómetros.
Estas novas observações mostram que o planeta orbita a estrela Épsilon do Índio A, parte de um sistema de três estrelas. Uma equipa internacional liderada pela investigadora Elisabeth Matthews, do Instituto Max Planck de Astronomia (Alemanha), recolheu as imagens no ano passado e publicou as descobertas na edição desta semana da revista Nature.
Os astrónomos observaram directamente o gigante gasoso incrivelmente antigo e frio – um feito raro e complicado. Ao bloquear a luz das estrelas, o planeta destacou-se como um pequeno ponto de luz infravermelha.
O planeta e a estrela têm 3500 milhões de anos, ou seja, são mil milhões de anos mais novos do que o nosso sistema solar, mas ainda assim considerados antigos e mais brilhantes do que o esperado, de acordo com Elisabeth Matthews.
A estrela está tão próxima e brilhante do nosso sistema solar que é visível a olho nu no hemisfério Sul. “Este é um gigante gasoso sem superfície dura ou oceanos de água líquida”, explicou Elisabeth Matthews, em declarações à agência Associated Press (AP).
É improvável que este sistema solar tenha mais gigantes gasosos, realçou a astrónoma, mas pequenos mundos rochosos podem estar à espreita. Mundos semelhantes a Júpiter podem ajudar os cientistas a compreender “como estes planetas evoluem em escalas de tempo de giga anos”, acrescentou.
Os primeiros planetas fora do nosso sistema solar – ou exoplanetas – foram confirmados no início da década de 1990. A contagem da NASA é agora de 5690 exoplanetas detectados até meados de Julho. A grande maioria foi identificada através do método de trânsito, em que uma queda fugaz da luz das estrelas, repetida a intervalos regulares, indica um planeta em órbita a passar à frente da sua estrela.
Os telescópios no espaço e também no solo estão à procura de ainda mais, especialmente planetas que possam ser semelhantes à Terra. Lançado no final de 2021, o telescópio James Webb da NASA e da Agência Espacial Europeia é o maior e mais poderoso observatório astronómico alguma vez colocado no espaço.